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2006

5. CONCLUSÕES

Os ensaios propostos alertam para as possíveis soluções no tratamento dos limites de

empreendimentos habitacionais multifamiliares que prezam pela promoção de vitalidade urbana.

Verifica-se atualmente uma incapacidade generalizada nos instrumentos de gestão e

regulamentação urbana em atuar efetivamente na forma e na paisagem urbana. Essa incapacidade

revela-se principalmente nas novas periferias, impulsionadas desde o lançamento do MCMV. A

rentabilidade nos empreendimentos populares é garantida através da implantação de

empreendimentos colossais, monofuncionais e padronizados, em locais pouco adensados e de

baixa vitalidade urbana. Proliferam-se os enclaves fortificados, tipologia difundida pelo mercado,

como oferta de uma segurança forjada, trágica do ponto de vista social e urbano. Tal cenário repete-

se nas grandes cidades brasileiras e estabelece-se no momento uma discussão sobre como garantir

a qualidade urbana nos novos bairros em processos de consolidação desde o lançamento do

MCMV.

No município da Serra, os mecanismos atuais são ineficientes, uma vez que os empreendimentos

são aprovados por etapas, e muitas vezes associam múltiplos condomínios em contiguidade, sem

que existam novas vias de acesso ou espaços públicos que favoreçam a humanização do tecido

urbano. Os resultados desastrosos provenientes da implantação maciça de megaempreendimentos

habitacionais são nítidos na conformação do espaço público: ruas inteiramente cercadas por muros

e ausentes de qualquer atividade comercial;

Algumas soluções para combater essa situação podem ser alcançadas, a partir de uma maior

atuação dos planos diretores, no que se refere ao estimulo de estratégias que possam colaborar

para a vitalidade do espaço público: a) Incentivo e regulamentação da destinação de parte da área

construída dos novos empreendimentos residenciais localizados em áreas centrais com alto valor

da terra, para habitações de interesse social; b) Incentivo ao uso multifuncional nos novos

empreendimentos habitacionais, principalmente naqueles localizados em áreas periféricas e ainda

não abastecidas de serviços e comércios; c) Criação de mecanismos mais eficazes para limitar o

porte ou dimensão dos empreendimentos, a fim de evitar grandes extensões de muros opacos, cujo

percurso é exaustivo e inseguro ao pedestre, desestimulando a caminhada; d) Incentivo de

estratégias relacionada ao tratamento dos limites dos edifícios, possibilitando maior visibilidade e

permeabilidade.

Importante ressaltar que um grande passo foi realizado nesse sentido a partir da aprovação em São

Paulo, no ano de 2014, do novo plano diretor estratégico que apresenta propostas inovadoras de

incentivo à vitalidade urbana: a “fachada ativa”, o fim da exigência do número mínimo de vagas, o

incentivo ao uso misto, a permeabilidade urbana, entre outros. Tais incentivos podem colaborar

para a transformação da qualidade urbana em novos bairros periféricos e em fase de consolidação,

provenientes da implantação maciça de novos conjuntos habitacionais. Espera-se que o PDE de

São Paulo possa estimular novas estratégias nos demais municípios brasileiros.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

AGUIAR, Douglas.

Alma Espacial: corpo e o movimento na arquitetura

. Porto Alegre: Ed.

UFRGS, 2010

FALAGÁN, David H; MONTANER, Josep Maria; MUXI, Zaida.

Herramientas para habitar el

presente. La vivenda del siglo XXI

. Barcelona: Actar D, 2011