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mínima entre piso e teto em seu ponto mais alto: 2,0m; c) separações internas para assegurar
privacidade e segurança aos ocupantes; d) envolvimento das comunidades locais na execução dos
abrigos;
Outras determinações de caráter urbano fazem parte destas regulamentações e dizem respeito, por
exemplo, ao número de unidades recomendado em cada campo de refugiados, as formas de
agrupamento e abastecimento dos abrigos, a duração indicada até o início da fase de reconstrução,
entre outros aspectos . Estes aspectos ainda não fazem parte do escopo deste projeto que, por
sua vez, se dedicou mais ao processo de concepção da unidade específica. Mas há o objetivo de
dar continuidade ao projeto tendo em vista contemplar escalas maiores que implicam na replicação
e distribuição dos protótipos no território.
Grande parte dos resultados alcançados foram desdobramento da metodologia utilizada que
privilegiou o envolvimento direto entre a experimentação prática e produção de conhecimentos em
ciclos contínuos e recursivos. O processo projetual paramétrico criou condições para a realização
de inúmeros ciclos de reflexão e ação através dos quais foram testados e analisados os possíveis
arranjos entre formas, materiais, performance e estética. A estruturação entre estes elementos foi
produzida a partir de um sistema relacional paramétrico desenvolvido no
software Grasshopper
.
Podemos afirmar que tais sistemas incorporam a essência do processo projetual paramétrico. Em
termos conceituais, estas interfaces são campos fluidos de investigação digital compostos por
inúmeros elementos diferenciados organizados de maneira mutuamente correlata (Schumacher,
2012, p.617). As correntes de modificações produzidas neste sistema permitiram avaliar os
desdobramentos de uma alteração singular em todos os outros elementos, uma condição
metaprocessual necessária para operacionalizar os ciclos de investigação e resolução do problema.
Em termos práticos, este campo de relações permitiu por em prática uma metodologia projetual
capaz de: superar a repetição simples de elementos e operar a sua diferenciação gradual para obter
mais variabilidade; evitar a colagem de elementos isolados e explorar sua comunicação e
interdependência; evitar a setorização de funções e propor sua parametrização enquanto eventos
dotados de singularidade. Schumacher (2012, p.621) reitera que a evolução dos ciclos de
investigação está necessariamente atrelada às simulações digitais e mecanismos de concepção
formal abertos à modulação artificial. Todos estes conceitos lançados aqui estabelecem um vínculo
com os domínios do software, mas não se esgotam nele.
No campo do
hardware
, foram inseridos os dispositivos de prototipagem rápida que, no caso do
trabalho aqui desenvolvido, ficaram restritos às máquinas de impressão 3D. A processualidade
destes dispositivos toca diretamente aspectos de natureza física, da ordem da resistência dos
materiais, das limitações do equipamento de
hardware
, do tempo de produção, entre outras
questões do domínio operacional, mas que não se descolam da teoria e da conceituação. Ao
contrário, em um processo de reflexão em ação, o domínio operativo é motor para a produção de
conhecimento. A contribuição que a prototipagem digital oferece sobre os processos tradicionais de
produção em série é a produção customizada, capaz de gerar rapidamente objetos diferenciados,
múltiplas versões de uma mesma idéia, potencializando enormemente a condição exploratória e
experimental de um processo de projeto. Rocha (2015, p.169) afirma que essa abertura ao acaso
no processo de projeto instaura um itinerário evolutivo mais rico, com melhores oportunidades para
adaptação e evolução da idéia. Esse tipo de preparação para o inesperado torna o processo
semelhante a uma performance coletiva, aos moldes dos músicos de jazz, que executam uma
música de forma aberta, original, coletiva, inesperada, mas que, em função de sua indeterminação
Maiores informações consultar: LOPES, Ana. Urbanismo Emergente: Desenho e processo de planeamento em situações pós-
catástrofe. Mestrado Integrado em Arquitetura. Instituto Universitário de Lisboa. Orient: Alexandra Paio. Outubro 2015.