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1. INTRODUÇÃO

O trágico episódio do rompimento da barragem de Fundão em Mariana/MG completou

recentemente um ano. O maior crime ambiental da história do Brasil, cometido pelo conglomerado

minerador Samarco/Vale/BhP, provocou um impacto sem precedentes em nosso ecossistema,

comprometendo diretamente 660km de rios e mais de 1.400ha de vegetação, muitas delas inseridas

em Áreas de Preservação Permanente (APP) . Indiretamente, o dano é ainda muito mais amplo,

isso porque o conceito de ecossistema compreende não apenas os recursos naturais, mas todo o

conjunto de relações de interdependência que estão vinculadas aos rios e matas atingidos pela

lama tais como: atividade pesqueira, agrária, turística, ambiental, todas elas responsáveis pela

manutenção da vida das populações locais. Ou seja, trata-se de um corpo social que foi também

destruído. O crime ambiental rompeu abruptamente as relações sociais e, em situações mais graves

como em Bento Rodrigues (Fig.01), provocou uma

tabula rasa

ecossistêmica, ou seja, o

desaparecimento completo de um vilarejo e sua comunidade. Para Leonardo Deptulski, presidente

do comitê da Bacia Hidrográfica do Rio Doce (Estado de Minas, 2016), “do ponto de vista das ações

de reparação e compensação, temos muito pouco feito em um ano”.

Figura 01

: Desastre em Bento Rodrigues

Foto do distrito de Bento Rodrigues após o rompimento da barragem de Fundão em Mariana/MG. Fonte:

http://brasil.elpais.com/brasil/2016/01/13/politica/1452723124_212620.html.

Acesso: 25 Fev. 2016

O impacto do desastre na comunidade acadêmica foi profundo. Pesquisadores das mais diversas

áreas se mobilizaram imediatamente e reorientaram suas investigações para o mapeamento dos

danos, para a prestação de auxílio aos atingidos e, em seguida, aferição de responsabilidades,

produção de reflexões, críticas, projetos, propostas de ação de caráter técnico, socioambiental,

jurídico, econômico, entre outros . Apesar da multiplicidade de áreas de pesquisa e da importância

de suas competências em oferecer respostas ao ocorrido, é justamente a sintonia e a coordenação

Fonte: IBAMA – Laudo Técnico Preliminar (2015, pg.03)

Cabe destacar aqui os relatórios “A tragédia do Rio Doce” realizado pelos Departamentos de Geografia e Geociências da UFMG e

UFJF, respectivamente; “Antes fosse mais leve a carga”, produzido pela UFJF, UFRJ, UERJ, UEG, IFRJ.

No contexto da Universidade Federal do Espírito Santo, foi criada uma Rede de Pesquisadores articulada com órgãos como SEAMA,

IEMA, ICMBIO e IBAMA. A partir dessa articulação foi elaborado um Plano de Ação de Enfrentamento da Crise que tem como objetivos

específicos: gestão dos rejeitos, recuperação e melhoria da qualidade da água; restauração florestal e produção de água; conservação

da biodiversidade; reinserção socioambiental; educação, comunicação e informação; preservação e segurança ambiental; gestão e uso

sustentável da terra.