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final e a visualidade do projeto não devem se sobrepor aos aspectos funcionais. O projeto
Hokai,
desenvolvido por Lissa Saruhashi e Antônio de Biase (2017), criado em um workshop de Arquitetura
Biodigital promovido pelo BI/OS, revela esse ponto: é um projeto visualmente apolíneo, mas que
apresenta problemas básicos em seu sistema de fechamento .
Ao longo do processo de projeto emergencial, é importante que haja uma maior correspondência
entre as variáveis e uma melhor forma de controlá-las, experimentá-las e ajustá-las ao longo de
todo o processo. No campo do design emergencial há ainda muito pouco abordado sobre a relação
entre o processo de projeto e a parametrização. Ainda não se encontram referências que associam
o design emergencial e a prototipagem paramétrica. A parametrização e a prototipagem rápida
surgem como alternativas possíveis para auxiliar uma revisão e atualização nos processos de
design emergencial. Através da associação entre estes dois processos aduirimos maior
versatilidade para simular, remodelar, validar e gerenciar as soluções de projeto, principalmente
com a criação rápida de modelos físicos que tornam visíveis inúmeras possibilidades de mudanças,
melhorias, gerando consequente otimização do processo projetual como um todo.
Com base nesta potencialidade foi elaborada uma proposta de projeto por parte autores deste artigo
que será apresentada e discutida adiante. Ela tem a convicção de que é possível ocupar as brechas
existentes nos projetos emergenciais através da associação parametrização-prototipagem.
Conforme afirma Rita Frade (2012, p.38) lidar com o design emergencial implica “projetar no limite”,
limite de tempo, custos, espaços e operatividade. Para isso, ajustes e adaptações sucessivas são
necessárias para lidar com a complexidade e a indeterminação do contexto.
3. MÉTODOS UTILIZADOS E RESULTADOS ALCANÇADOS
A intenção de elaborar uma proposta de abrigo emergencial associando parametrização e
prototipagem tem como foco duas questões fundamentais: em primeiro lugar, agregar valor de uso
ao tipo de solução oferecida às pessoas em situações emergenciais; em segundo lugar,
desenvolver e compartilhar uma inteligência projetual específica voltada para situações de
desastres, contendo direcionamentos que possam ser apropriados por diferentes pessoas e
organizações envolvidas neste cenário. Projetos emergenciais possuem particularidades e
complexidades que são melhores compreendidas no decorrer do esforço em resolvê-las. A
inteligência projetual pode ser entendida como o conjunto inédito de técnicas, relações e
disposições (Speaks, 2002, p.160) que podem ser produzidas durante complexos processos de
projeto que não cabem em uma metodologia mais ampla. Elas são derivadas da habilidade dos
projetistas em territorializar soluções de projeto de modo adaptativo e continuado como tática para
obter maior relevância e congruência de suas propostas tendo em vista o contexto específico em
que se inserem. A proposta conceitual apresentada aqui deriva deste posicionamento infiltrado na
complexidade dos abrigos emergenciais no intuito de aprender, descobrir, propor e testar novas
relações de projeto em situações de desastre para, a partir daí, sistematizar e compartilhar estes
conhecimentos.
Fazem parte da complexidade de restrições do projetos de abrigos emergenciais as seguintes
regulamentações internacionais : a) espaço mínimo requerido por pessoa: 3,5m
2
; b) distância
Os projetos listados aqui estão compilados na publicação “Design Emergencial: soluções encontradas para amenizar as consequências
dos desastres naturais”, elaborado pelo Núcleo Habitat Sem Fronteiras (NOAH) da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da
Universidade de São Paulo,
O Projeto Esfera é um manual de referência elaborado pelo Movimento Internacional da Cruz Vermelha e do Crescente Vermelho, entre
outras ONGs, que possui todas as diretivas e normas universais que as agências humanitárias devem seguir em resposta a um desastre.
Fonte. FRADE (2012, Pg.6).