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1. INTRODUÇÃO

O conforto ambiental de edificações escolares, em todos os seus aspectos térmicos, lumínicos,

acústicos e funcionais, é ignorado em boa parte dos projetos arquitetônicos das escolas

(KOWALTOWSKI, 2011). Especificamente, o conforto visual do usuário de um ambiente construído

depende essencialmente da iluminação, tanto natural como artificial. Segundo Souza e Pereira as

atividades em sala de aula necessitam de iluminação qualificada, uma vez que se tem atividades

específicas, que vão desde ler e escrever no caderno, a ler e escrever na lousa, variando bastante

a distância entre o observador e a tarefa visual. Cada tarefa exige um nível mínimo de iluminação,

atualmente no Brasil a norma que diz respeito a quantidade de luz em salas de aula é NBR ISO

8995-1 (ABNT, 2013) estabelecendo os níveis de iluminância para salas de aula em 300 lux para

salas de uso comum, 500 lux para salas de aula noturnas e 500 lux para quadro negro. Sendo

assim, as condições ambientais lumínicas influenciam significativamente na saúde e no bem-estar

dos usuários, bem como, nas condições de percepção do ambiente, podendo também gerar

desconfortos físicos e psicológicos em decorrência da sua deficiência ou excesso.

No que tange o aproveitamento da iluminação natural nesses espaços, as características do

ambiente construído relacionadas ao controle da incidência da iluminação são definidas pelas

aberturas e as propriedades do meio externo (LEAL, 2013). De acordo Kremer (2002) em escolas

é comum a utilização de proteções fixas padronizadas a fim de se atingir o conforto térmico nos

ambientes internos. São essas: laje avançada ou beiral da cobertura; brises com aletas fixas na

horizontal, vertical ou inclinada; e elementos vazados de alvenaria, de concreto ou metálico. O que

ocorre muitas vezes é que esses elementos de proteção são utilizados de maneira banal e de forma

indevida (mal projetados), não cumprindo sua função original de proporcionar conforto e

influenciando negativamente na captação e distribuição da luz no ambiente.

Além dos elementos de obstrução às aberturas, a disponibilidade de iluminação natural no ambiente

interno depende também das características do entorno, sejam essas características construtivas

ou não. Segundo Leal (2013) com o adensamento dos centros urbanos e a verticalização, a malha

urbana vem sendo modificada a ponto de afetar significativamente a disponibilidade de luz natural

nas edificações. Leder (2006) afirma que “a forma de garantia do direito à luz natural é, basicamente,

através da legislação de uso do solo, que estabelece limites de altura, recuos e afastamentos entre

as edificações”. Entretanto, pesquisas realizadas em modelos residenciais e comerciais (AMARAL,

1999) evidenciaram que as relações propostas pelos Códigos de Obras não são suficientes para

garantir uma boa distribuição e níveis de iluminação adequados no interior do espaço.

Considerando ainda as interferências externas do entorno, Mascaró (2010) afirma que o

sombreamento da vegetação tem grande influência sobre a luz natural nos recintos urbanos e,

consequentemente, afeta o desempenho da luz natural nas edificações. Uma escolha arbórea

adequada deve levar em consideração as mudanças de forma e tamanho que se processarão ao

longo do tempo, baseada nas condições de insolação do recinto urbano através do ano e das

necessidades de sombreamento em cada estação.

Desta forma uma aprimorada revisão nas técnicas construtivas vigentes e a adoção de partidos

arquitetônicos adaptados à realidade brasileira, visando o aproveitamento da luz natural em escolas,

poderiam resolver problemas de conforto térmico e deficiência em iluminação. Além disso, o

aproveitamento da luz natural ressalva uma economia de energia, o que é de grande importância

em se tratando de escolas públicas. Diante do exposto essa pesquisa pretende trazer reflexões

sobre a importância do conforto lumínico na produção arquitetônica, mais especificamente de salas

de aula, visando conferir melhorias para o conforto visual dos usuários e a efetiva redução do uso