1698
1. INTRODUÇÃO
O conforto ambiental de edificações escolares, em todos os seus aspectos térmicos, lumínicos,
acústicos e funcionais, é ignorado em boa parte dos projetos arquitetônicos das escolas
(KOWALTOWSKI, 2011). Especificamente, o conforto visual do usuário de um ambiente construído
depende essencialmente da iluminação, tanto natural como artificial. Segundo Souza e Pereira as
atividades em sala de aula necessitam de iluminação qualificada, uma vez que se tem atividades
específicas, que vão desde ler e escrever no caderno, a ler e escrever na lousa, variando bastante
a distância entre o observador e a tarefa visual. Cada tarefa exige um nível mínimo de iluminação,
atualmente no Brasil a norma que diz respeito a quantidade de luz em salas de aula é NBR ISO
8995-1 (ABNT, 2013) estabelecendo os níveis de iluminância para salas de aula em 300 lux para
salas de uso comum, 500 lux para salas de aula noturnas e 500 lux para quadro negro. Sendo
assim, as condições ambientais lumínicas influenciam significativamente na saúde e no bem-estar
dos usuários, bem como, nas condições de percepção do ambiente, podendo também gerar
desconfortos físicos e psicológicos em decorrência da sua deficiência ou excesso.
No que tange o aproveitamento da iluminação natural nesses espaços, as características do
ambiente construído relacionadas ao controle da incidência da iluminação são definidas pelas
aberturas e as propriedades do meio externo (LEAL, 2013). De acordo Kremer (2002) em escolas
é comum a utilização de proteções fixas padronizadas a fim de se atingir o conforto térmico nos
ambientes internos. São essas: laje avançada ou beiral da cobertura; brises com aletas fixas na
horizontal, vertical ou inclinada; e elementos vazados de alvenaria, de concreto ou metálico. O que
ocorre muitas vezes é que esses elementos de proteção são utilizados de maneira banal e de forma
indevida (mal projetados), não cumprindo sua função original de proporcionar conforto e
influenciando negativamente na captação e distribuição da luz no ambiente.
Além dos elementos de obstrução às aberturas, a disponibilidade de iluminação natural no ambiente
interno depende também das características do entorno, sejam essas características construtivas
ou não. Segundo Leal (2013) com o adensamento dos centros urbanos e a verticalização, a malha
urbana vem sendo modificada a ponto de afetar significativamente a disponibilidade de luz natural
nas edificações. Leder (2006) afirma que “a forma de garantia do direito à luz natural é, basicamente,
através da legislação de uso do solo, que estabelece limites de altura, recuos e afastamentos entre
as edificações”. Entretanto, pesquisas realizadas em modelos residenciais e comerciais (AMARAL,
1999) evidenciaram que as relações propostas pelos Códigos de Obras não são suficientes para
garantir uma boa distribuição e níveis de iluminação adequados no interior do espaço.
Considerando ainda as interferências externas do entorno, Mascaró (2010) afirma que o
sombreamento da vegetação tem grande influência sobre a luz natural nos recintos urbanos e,
consequentemente, afeta o desempenho da luz natural nas edificações. Uma escolha arbórea
adequada deve levar em consideração as mudanças de forma e tamanho que se processarão ao
longo do tempo, baseada nas condições de insolação do recinto urbano através do ano e das
necessidades de sombreamento em cada estação.
Desta forma uma aprimorada revisão nas técnicas construtivas vigentes e a adoção de partidos
arquitetônicos adaptados à realidade brasileira, visando o aproveitamento da luz natural em escolas,
poderiam resolver problemas de conforto térmico e deficiência em iluminação. Além disso, o
aproveitamento da luz natural ressalva uma economia de energia, o que é de grande importância
em se tratando de escolas públicas. Diante do exposto essa pesquisa pretende trazer reflexões
sobre a importância do conforto lumínico na produção arquitetônica, mais especificamente de salas
de aula, visando conferir melhorias para o conforto visual dos usuários e a efetiva redução do uso