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O conceito de cura interna se deu somente em 1957, quando Paul Klieger atribuiu melhoras na

durabilidade das estruturas associados a um melhoramento na cura por reservatórios internos de

água gerados pelos agregados leves (BENTZ, WEISS, 2011). Em seus estudos, Paul Klieger

determinou que estes agregados absorvem taxas consideráveis de água durante a mistura e,

aparentemente, a liberam para a pasta durante a hidratação, realizando a cura de dentro para fora

(BENTZ, WEISS, 2011). A técnica se baseia na incorporação de materiais que apresentem a

capacidade de atuarem como reservatórios internos de água à matriz cimentícia, retendo água no

interior de sua estrutura, e, posteriormente, liberando-a de forma gradativa. Como consequência,

tem-se a contribuição para uma melhor hidratação de partículas de cimento, e auxílio no combate

a retração (JENSEN, 2007). A inserção destes reservatórios internos pode ser feitos com o uso de

agregados leves pré-saturados, por meio de polímeros superabsorventes, fibras de madeira pré-

saturada ou até por fibras de celulose (JENSEN, HANSEN, 2001; JENSEN, 2007; BENTZ, WEISS,

2011; BENTCHIKOU et al., 2012; ACI, 2013).

Os polímeros superabsorventes (PSA) são materiais com grande capacidade de absorção de água,

retendo-a em sua estrutura (CALLISTER JR., 2002). São denominados como poliacrilatos

interligados por ligações covalentes cruzadas, e em função de sua estrutura interna, pode absorver

esta grande quantidade de água sem se dissolverem. Ou seja, ao entrarem em contato com

soluções aquosas resultam na formação de um hidrogel, e, após absorver sua capacidade máxima

de solução, formam partículas estáveis, assumindo a mesma forma física das partículas em estado

seco (CALLISTER JR., 2002; BENTZ, LURA, ROBERTS, 2005; DUDZIAK, MECHTCHERINE,

2008; JENSEN, 2014). Por ser um material muito versátil, apresenta estudos em diversas áreas,

tendo seu ponto auge na indústria de higiene e agricultura. Somente para o ano de 2016, a

estimativa de produção mundial de PSA, por sete das principais empresas produtoras - Nippon

Shokubai; BASF; Evonik; Sumitomo Seika; San-Dia Polymers; LG Chem e Taiwan Plastics – beira

2,7 milhões de toneladas, distribuídos para setores de construção, medicina, eletricidade,

agricultura, têxtil e tratamento de água (SANTOS, 2015). Contudo, segundo o autor, uma parcela

muito pequena é direcionada a construção civil, apenas 8,2%.

Como propriedades vantajosas como agentes de cura interna, alguns PSA’s apresentam forma

granular, resistência do polímero, módulo de deformação do gel inchado, além da alta capacidade

de absorção de água com a liberação do líquido sob ação de pressão moderada (KUMM, 2009,

KIATKAMJORNWONG, 2006). Tais propriedades atribuem ao PSA à vantagem de proporcionar

uma melhor hidratação das partículas de cimento, elevando a resistência mecânica das matrizes

cimentícias (JENSEN, 2014). Entretanto, estas mesmas propriedades atribuem a desvantagem de

gerar porosidade interna à matriz, gerado pela liberação de água do PSA, ficando os espaços antes

ocupados pelo PSA inchado os poros internos (MÖNNING, 2009; JENSEN, 2014; SANTOS, 2016).

Na prática da construção civil, como agentes de cura interna, os PSA’s já foram utilizados na

construção de pavilhões para a Copa do Mundo de 2006, na Alemanha, paredes de painéis

projetados em Lyngby e, mais atualmente, em diversas pontes na região da América do Norte, em

Nova York, Ohio e Indiana (DUDZIAK, MECHTCHERINE, 2008; MECHTCHERINE, REINHARDT,

2012). Entretanto, dentre os estudos e aplicações publicados até o momento não se tem registros

do uso de PSA de origem residual na construção civil, em todos os casos, são estudados polímeros

nobres, de origem comercial, produzidos para tal finalidade.

Fiscalizado pela Fundação Estadual de Proteção Ambiental (FEPAM), regido pela Lei Nº 12305

(BRASIL, 2016) que regulamenta as diretrizes relativas ao gerenciamento de resíduos, incluindo

manejo e disposição final, todos os setores do mercado são obrigados a redirecionarem seus

resíduos. Sendo assim, conseguir destinar estes rejeitos, dando-lhes um destino nobre, sem a

necessidade de despejo em aterros sanitários, passa a ser um trabalho conjunto do setor