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empresarial e meio acadêmico. Vinculado ao cunho ambiental, com menor necessidade de extração
e deposição final de rejeitos, e a necessidade de evolução da prática de cura úmida, surge a
possibilidade da utilização de polímero superabsorvente adquirido de forma residual como matéria
promissora a técnica da cura interna.
2. OBJETIVO
O presente estudo visa avaliar o uso de fibra celulósica contendo polímeros superabsorventes
adquiridos de forma residual (PSAR), como agente capaz de gerar cura interna em uma matriz
cimentícia convencional.
3. MÉTODO DE PESQUISA
Com o intuito de se avaliar o potencial do PSAR como agente de cura interna, o presente estudo foi
realizado com uma argamassa composta de 60% de areia natural de leito de rio e 40% de areia de
britagem, com módulo de finura de 2,12 e 3,52 respectivamente, e cimento CP II F 40, moldada
conforme ABNT NBR 7215 (1997). O PSAR empregado consiste em um rejeito de empresas do
ramo de higiene, composto de 70% de fibra celulósica, 10% de PSA e outros 20% de polietileno de
baixa densidade, polipropileno, umidade entre outros materiais em menor quantidade (GOMES,
2014). Sua forma física, após absorver água, se apresenta na forma de esferas de hidrogel envoltas
em fibra celulósica (KOPPE, MANCIO, ROCHA, 2016). Apresenta taxa de absorção de água de 55
gramas de água por grama de PSAR, obtido segundo a ISO 17190-6 (2001). A dosagem de PSAR
necessária para promover cura interna na matriz, com consumo de 500 kg/m³ de cimento Portland,
foi calculada segundo o método de Bentz, Lura e Roberts (2005), onde se obteve uma dosagem de
0,65 kg/m³ de PSAR. O material foi inserido na argamassa já pré-saturado, no início da mistura,
junto à água da mistura, o que o gera um efeito plastificante, reduzindo a relação a/c de 0,54 para
a argamassa referência, para 0,48 para a argamassa contendo PSAR (KOPPE, MANCIO, ROCHA,
2016).
Para alcançar o objetivo proposto, foram realizados ensaios de resistência mecânica, controle de
retração, retração plástica e fissuração inicial. As argamassas foram submetidas a três condições
de cura – 100% UR a 23°C, 60% UR a 23°C e 30% UR a 40°C – com dois percentuais diferentes
de adição, um com dosagem calculada segundo método de Bentz, Lura e Roberts (2005) e outro
com dosagem estimada, utilizando-se o dobro da dosagem calculada pelo método, além da
argamassa referência, sem adição de PSA, identificados conforme Tabela 1.
Tabela 1.
Identificação das argamassas.
Traço Identificação
Dados dos traços
A
REF
Traço referência, sem a adição de PSAR.
B
PSAR
Traço contendo PSAR, na dosagem de 0,65 kg/m³ de PSAR.
C
PSAR+
Traço com o dobro de PSAR do traço B.
Para o controle de resistência à compressão (NBR 7215, 1997), foram moldados seis corpos de
prova para cada idade, com idades de rompimento fixadas em 1, 3, 14, 28 e 91 dias. Os
rompimentos foram realizados em uma prensa marca CONTROLS, modelo Sercomp 2 C80/ES,
classe I, com capacidade de carga de 2000 kN. Foi utilizado a velocidade de aplicação de carga de
0,25 MPa/s até que o corpo de prova apresentasse ruptura.
Para a avaliação da retração realizou-se a moldagem de três barras de argamassa, com dimensões
de 2,5 x 2,5 x 28,5 cm, moldadas e submetidas à mesma condição de cura da análise de resistência