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hidráulica. Considerando uma DQO de 500mg/L, a energia química do esgoto é estimada em

1,8kWh/m

3

(VARBANOV

et al

., 2015). Apesar do alto conteúdo energético, devido às restrições

termodinâmicas e tecnológicas, apenas uma parte desta energia é recuperada (GIKAS, 2016) e

alguns desafios ainda precisam ser vencidos para que se possa recuperar toda esta energia de

forma economicamente viável (SHEN

et al

, 2015).

O biogás produzido pela digestão anaeróbia do lodo pode fornecer entre 39% e 76% do total

de energia consumida na ETE (SILVESTRE

et al

., 2015). Só nos Estados Unidos, entre 628 e 4940

milhões de kWh podem ser economizados anualmente pela digestão anaeróbica do lodo de esgoto

(WAKEEL

et al.

, 2016). Na Europa, em 2014, a energia primária produzida a partir do biogás de

lodos de esgoto foi de 4,97x 10

13

kJ/ano e na Espanha, a estimativa foi de 5,94x10

12

kJ/ano

(SILVESTRE

et al.

, 2015). Em um estudo feito por SINGH e KANSAL (2016), a recuperação do

biogás nas ETEs reduziu o consumo de energia em 33%, ou 0,10kWh/m

3

. Outras pesquisas

também indicam que a digestão anaeróbia pode gerar 0,1kWh/m

3

(WANG

et al.

, 2016).

SANTOS

et al.

(2016b) estudaram a viabilidade econômica para a geração de energia

elétrica, a partir de biogás obtido em ETEs brasileiras. Uma análise técnica de viabilidade

demonstra é possível ter uma viabilidade econômica para a recuperação de energia em ETE em

escala de 100 mil habitantes e até mesmo menores. Foi avaliado em um estudo técnico publicado

pelo Ministério das Cidades, entre 5 opções de tratamento, o sistema reator anaeróbio UASB

seguido por tratamento aeróbio, com produção de energia através do biogás, como a mais viável,

podendo reduzir a demanda externa de energia em 99%. O sistema apresentou taxa de retorno de

20%, bem acima dos 8,7% correspondente a taxa de empréstimo do BNDES (PROBIOGAS, 2016).

Vários trabalhos na literatura comprovam o potencial de produção de energia através do tratamento

de esgoto, com reduções significativas no consumo externo, inclusive com retorno dos

investimentos comprovados, podendo-se citar os trabalhos de VARBANOV

et al.

(2015), GIKAS

(2016) e WANG

et al.

(2016). No entanto, para que esse potencial energético seja traduzido em

realidade, o Brasil precisa fomentar o setor com políticas de incentivo, dando o start para o

desenvolvimento do mercado.

4. DISCUSSÃO

A Tabela 1 traz uma compilação do consumo de energia no setor de esgoto, sendo a etapa

de tratamento disposta separadamente na Tabela 2. A Tabela 3 mostra o consumo dentro das

etapas de tratamento.

Tabela 1.

Consumo de energia por processo do Sistema de Esgotamento Sanitário

Etapa do Processo

País

Consumo

(kWh/m

3

)

Descrição

Referência

Coleta de esgoto

Califórnia

0,003-0,04

-

BODÍK;

KUBASKÁ,

2013

Canadá

0,02-0,1

-

Hungria

0,045- 014

-

Austrália

0,1-0,37

-

EUA

0,04

-

Nova

Zelândia

0,04- 0,19

-

Índia

0,07 – 0,11

-

SINGH;

KANSAL, 2016