1164
recuperação de energia nas estações, através de equipamentos mais caros e complexos, como
gaseificadores e células de combustível. Dentre os enormes potenciais de recuperação da energia
contida no esgoto, que contém energia térmica na forma de calor, as bombas de calor ainda são
caras e o sistema é mais utilizado para aproveitar a energia térmica de esgoto industrial. Quando a
temperatura do esgoto é significantemente diferente da temperatura ambiente, ou de outras
correntes na estação de tratamento, existe o potencial de transferência de calor. Uma bomba de
calor é um dispositivo que utiliza um fluido refrigerante, para recuperar calor de uma fonte
relativamente baixa, tal como o esgoto sanitário, e transferi-lo para um meio com temperatura mais
elevada, através de uma fonte externa de energia. De forma resumida, o fluido refrigerante, em
baixa temperatura e pressão, é vaporizado através do uso de uma fonte externa de calor, dentro de
um sistema de trocador de calor. Depois, o fluido refrigerante é comprimido, e atinge altas pressões
e temperaturas. Então, este fluido é submetido em outro trocador de calor, fornecendo sua energia
para outro sistema, que poderá ser usada para vários fins. O restante de pressão do fluido
refrigerante é liberado em uma válvula de expansão, e o ciclo está completo (METCALF & EDDY,
2016). Com as restrições crescentes sobre a disposição do lodo em aterros (já proibido em alguns
países da Europa) e na agricultura, a recuperação da energia química do lodo, através da digestão
anaeróbia e gaseificação, tem se mostrado cada vez mais promissora. Várias ETEs já estão
operando de forma superavitária em energia e os dados comprovam que tornar uma ETE
autossustentável em energia é economicamente viável. Apesar dos altos investimentos, existe
retorno no negócio. Além da economia direta com energia, a redução do consumo de eletricidade
evita a demanda de pico, que normalmente possui uma sobretaxa no preço da energia.
Tabela 3.
Consumo de energia por nível do tratamento de esgoto
Local
Tratamento
Processo
Consumo (kWh/m
3
)
Referência
Média mundial
Preliminar
Gradeamento
2,9x10
-5
- 0,013
LONGO
et al
, 2016
Média mundial
Preliminar
Tanques de
decantação com
raspadores mecânicos
4,3x10
-5
e 7,1x10
-5
China
Preliminar
0,002 - 0,076kWh/t
LI; LI; QIU, 2016b
Irlanda
Preliminar
Filtro aerado
50.01 kWh/dia
FITZSIMONS
et al
, 2016
Austrália
Primário
0,01 - 0,37
WAKEEL
et al
, 2016
Média mundial
Primário
Decantação
4,3x10
-5
- 7,1x10
-5
LONGO
et al
, 2016
Média mundial
Secundário
Separação do lodo
0,0084 - 0,012
Média mundial
Secundário
Circulação do lodo
0,047 - 0,01
Média mundial
Secundário
Misturamento
0,053 - 0,12
Média mundial
Secundário
Aeração
0,18 - 0,8
China
Secundário
Bioquímico
0,008 e 0,229kWh/t
LI; LI; QIU, 2016b
Japão
Secundário
0,34
WAKEEL
et al
, 2016
Suécia
Secundário
0,42
China
Secundário
0,29
Estados Unidos
Secundário
0,2
Austrália
Secundário
0,305
Irlanda
Secundário
Lodos ativados
1.366,9 kWh/dia
FITZSIMONS
et al
, 2016
Irlanda
Secundário
Lodos ativados
450 kWh/dia
Média mundial
Terciário
0,40 - 0,50
WAKEEL
et al
, 2016
China
Terciário
0,25
Alemanha
Terciário
0,67
Espanha
Terciário
Membrana
0,8