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CATARINO e HENRIQUES (2016) avaliaram 14 ETE diferentes em Portugal. As plantas com

um tratamento biológico adicional, para remoção de nutrientes, apresentaram um consumo de 30 a

50% maior na aeração, bombeamento e processamento de sólidos, quando comparado ao sistema

convencional de lodo ativado. A aeração consumiu 53% da energia e as etapas de desodorização

do ar, equalização de fluxo e desaguamento de lodo também tiveram grande contribuição. O

consumo com bombeamento foi de 12% e variou conforme a escala e a topografia e, algumas

vezes, foi responsável por grande parte do consumo.

De acordo com GIKAS (2016), cerca de 20% da energia nas ETEs é consumida em

processos auxiliares, como estações de bombeamento, iluminação e aquecimento, sendo

0,52kWh/m

3

a energia usada somente no tratamento. O perfil no consumo de eletricidade indica

que 55% da energia é consumida na aeração, 10% na clarificação primária e 10% no

processamento do biossólidos. O autor construiu uma ETE piloto, com um sistema de máxima

remoção dos sólidos, antes do tratamento biológico, com uma etapa de desaguamento do lodo e

geração de energia através da digestão anaeróbia ou gaseificação. A demanda por eletricidade no

sistema proposto foi 85% do que no sistema convencional e a área requerida também foi bem

menor. Segundo o autor, apenas otimizar os processos tradicionais não é suficiente, já que um

esforço organizado na Suíça só conseguiu economizar 12% do consumo de energia.

Ao fim do tratamento de esgoto, ainda é preciso gastar energia com a disposição final do

efluente, geralmente feita em rios e lagos. Na Austrália a disposição final gasta 0,02kWh/m

3

(WAKEEL

et al.

, 2016). O gerenciamento do lodo produzido nas ETEs também consome boa parte

da energia. Nos Estados Unidos, cerca de 6,5 milhões de toneladas de lodo de esgoto são

produzidos anualmente (SHEN

et al

., 2015). Na Europa, os países que mais produziram lodo em

2010 foram Alemanha, Reino Unido, Itália, França e Espanha, com 2, 1,64, 1,5, 1,3 e 1,28 milhões

de toneladas. Para a União Europeia, estima-se uma quantidade total de lodo produzido de 13

milhões em 2020 (ZABANIOTOU e SAMOLADA, 2014). No Brasil, em 2010 foram produzidos entre

150 e 220 mil toneladas de lodo, com potencial para quadriplicar este valor, caso a coleta e o

tratamento fosse ampliado no país (PEDROZA

et al

., 2010). Os dados estão em base seca.

Em média, 30% dos custos na ETE são atribuídos ao tratamento do lodo, que precisa ser

estabilizado antes do descarte (SHEN

et al.

2015). O tratamento do lodo, até a sua disposição final,

pode consumir de 0,074 e 0,15kWh/m

3

devido as diferentes formas de gerenciamento. Se aplicado

um tratamento aeróbio, o consumo é comparado ao sistema de aeração (LONGO

et al

, 2016). Já a

biosecagem, é um processo que usa de calor produzido por micro-organismos (WINKLER

et al.

,

2013). Todavia, o lodo tem enorme potencial de gerar energia, podendo suprir não só o gasto

energético de seu gerenciamento, como também transformar a ETE em uma unidade superavitária

em energia (PRADEL

et al.

, 2016).

Com todos esses gastos de energia o método de tratamento de esgoto com um sistema

híbrido, está ganhando atenção nos últimos anos (VYMAZAL, 2005). O sistema pode ser uma

combinação de vários processos e unidades operacionais, a fim de melhorar a qualidade do efluente

de águas residuais (TEE

et al.

2016), com vantagens energéticas, (ABDULLAH

et al

., 2011). No

Brasil, o volume anual de esgoto tratado é de 2,6 bilhões de metros cúbicos (81% do esgoto coletado

na rede), consumindo 802 milhões de kWh/ano, ou 0,24kWh/m

3

(SNIS, 2016).

3.2. Potencial de Geração de Energia nas ETEs

Estima-se que o esgoto doméstico tenha 10 vezes mais energia, do que o requerido para o

seu tratamento (SHEN

et al.

, 2015, GUDE, 2015), constituída pelas formas química, térmica e