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Para iluminar naturalmente locais distantes da superfície é necessário lançar mão de tecnologias

capazes de conduzir os raios luminosos com eficiência a longas distâncias. Uma das tecnologias

capazes de desempenhar essa função são os chamados dutos de luz – ou

light pipes

(BOUBEKRI,

2014; HANSEN, EDMONDS, 2015). Essa ferramenta conduz a luz como se fosse líquida através

de dutos altamente reflexivos internamente. Esse sistema condutor também pode ser composto por

outros materiais, como prismas, lentes, fibra óptica e painéis cortados a laser, por exemplo

(HANSEN, 2006; BOUBEKRI, 2014).

Cabe lembrar que o transporte de luz natural também pode acarretar transferência de carga térmica

para o interior da edificação e ofuscamento, caracterizando as principais limitações dessa

tecnologia, que deve contemplar estratégias a fim de enfrentá-las. Kim e Kim (2010) também

apontam o uso da luz natural como uma estratégia capaz de influenciar positivamente o bem-estar

de trabalhadores de subsolos urbanos. Porém, quando da ocorrência de luz direta, o ofuscamento

nas zonas de trabalho pode atrapalhar o desenvolvimento de certas atividades e causa desconforto

aos usuários, corroborando a necessidade de controle do brilho da luz captada, dependendo da

atividade a ser desenvolvida no ambiente.

O desempenho dos dutos depende do ângulo que o raio luminoso incide neste, e quanto maior o

número de reflexões ao longo do trajeto, menor seu desempenho (BOUBEKRI, 2014). Alguns

estudos revelam a necessidade de utilizar um elemento captador de luz na extremidade dessas

tecnologias para aumentar sua eficiência durante a variação do ângulo do sol ao longo dos dias e

das estações (HANSEN, EDMONDS, BELL, 2009; AKHADOV

et al.

, 2014). A utilização de

heliostatos – espelhos que seguem o movimento do sol – tem se apresentado como alternativa

bastante eficiente e, por isso, também será tratada neste estudo. A utilização de áreas subterrâneas

abaixo da superfície é crescente no contexto brasileiro e a ocorrência de experiências negativas

dos seus usuários também se faz presente. Em pesquisa realizada na cidade gaúcha de Porto

Alegre, foi apontada a utilização de iluminação como estratégia para melhorar a qualidade espacial

dessas áreas e a percepção dos usuários (FRANZ, MARTAU, 2016). Mais uma vez, a luz natural é

trazida como alternativa.

No entanto, ainda há poucos estudos quanto ao uso desses sistemas de dutos de luz no país e se

desconhece algum que já tenha sido realizado no contexto da cidade de Porto Alegre. Para verificar

o comportamento da luz natural em conjunto com essas tecnologias, é necessário que se realizem

estudos locais, pois cada lugar apresenta um tipo de luz e de céu característico. Como exemplo,

pode-se citar o laboratório da Low Line, em Nova Iorque, EUA (THE LOW LINE, 2016), onde estão

sendo testadas algumas dessas tecnologias a fim de definir a estratégia mais adequada para

aplicação no contexto daquela cidade (Figuras 1 e 2). O projeto pretende executar o primeiro parque

subterrâneo do mundo em área que estava obsoleta no coração de uma das principais cidades do

país. Seus idealizadores têm feito uso de tecnologias de captação e condução de iluminação natural

para levar essa fonte de luz a esse local afastado da superfície, a fim de possibilitar a existência de

vegetação no ambiente - o que tem sido utilizado como inspiração para o conteúdo aqui

apresentado, que também caracteriza estudo-piloto para pesquisa de mestrado que está sendo

desenvolvida.

Figura 1.

Corte esquemático

Figura 2.

Sistema de reflexão da luz natural captada