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2. REFERENCIAL TEÓRICO
2.1 Emprego de Agregado Reciclado de Concreto (ARC)
O uso mais comum, até o momento, para o resíduo de concreto, como agregado, é na área de
infraestrutura de transportes como base e sub-base de pavimentação, apresentando
comportamento favorável a este tipo de estrutura e possibilitando, inclusive, a redução de espessura
de tais camadas (WBCSD, 2009).
Apesar disso, pesquisas vêm sendo desenvolvidas para estudar o emprego deste resíduo como
agregado reciclado em novas misturas de concretos e os resultados apontam para uma perda de
trabalhabilidade devido à alta porosidade, característica do ARC, que acarreta na absorção da água
de amassamento (BEHERA et al., 2014). Há, ainda, outras características que podem influenciar
esses efeitos, como a ordem de mistura, que pode provocar alterações na relação água/cimento do
concreto (BONIFAZI et al., 2015). Sendo assim, o produto final pode apresentar grandes variações
em questões de resistência e durabilidade, principalmente quando se emprega a compensação da
água para alcance de abatimento (WERLE, 2011; PADOVAN, 2013). O efeito negativo da elevada
porosidade também foi constatado em estudos com misturas quentes de asfalto, onde o emprego
de ARC demandava maior qualidade do material betuminoso (RUDUS, 2000).
No estado endurecido, estudos mostram que o emprego de ARC em concreto impacta na
durabilidade do concreto, apresentando desempenho inferior quanto maior for a taxa de substituição
(WERLE, 2010; GONÇALVES, 2012). No entanto, Yehia et al. (2015) relatam que, em taxas
moderadas (cerca de 30%) de substituição, a presença de ARC não altera significativamente os
resultados de resistência à compressão, propriedade que está diretamente relacionada à
porosidade do material.
Apesar disso, a normatização brasileira ainda permite o uso de agregados reciclados de concreto
apenas em pavimentações e concretos sem função estrutural e, para que estes possam ser
utilizados, devem apresentar taxa de absorção máxima de água de 7% e 12% para agregado graúdo
e miúdo, respectivamente segundo a NBR 15116 (ABNT, 2004).
2.2 Carbonatação do concreto
A carbonatação é um processo que ocorre naturalmente, em concretos endurecidos expostos ao
ambiente, através da reação entre o gás carbônico presente na atmosfera com os produtos de
hidratação presentes nos poros do concreto, principalmente o hidróxido de cálcio (MEHTA;
MONTEIRO, 2015). O principal produto dessa reação é a precipitação de carbonato de cálcio,
alterando o caráter altamente alcalino do concreto, reduzindo valores de pH na ordem de 13 para
um valor próximo de 9 (SANTOS, 2015).
Além disso, ocorre o preenchimento dos poros da estrutura causado pela maior massa molar do
CaCO
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. Esse preenchimento de poros pode trazer benefícios e aumentar a dureza superficial do
concreto (CHI et al., 2002), e a diminuição da porosidade pode diminuir a absorção de água (XUAN
et al. 2016).
Paralelamente aos estudos de carbonatação no estado endurecido, pesquisadores vêm analisando
a técnica de cura inicial através da carbonatação acelerada. Este procedimento se diferencia da
carbonatação do concreto em estado endurecido, por conta dos compostos envolvidos nas reações,
dos produtos resultantes e do método de troca do gás carbônico com a matriz cimentícia. No
processo de cura por carbonatação, ocorre reação com os componentes ainda não hidratados do
cimento como o silicato tricálcico e o silicato dicálcico (KASHEF-HAGHIGHI, SHAO, GHOSHAL,
2015). Enquanto na carbonatação no estado endurecido, a reação depende da difusão do CO
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através da porosidade do concreto, e da sua dissolução na solução aquosa dos poros para que