Table of Contents Table of Contents
Previous Page  989 / 2158 Next Page
Information
Show Menu
Previous Page 989 / 2158 Next Page
Page Background

989

2. REFERENCIAL TEÓRICO

2.1 Emprego de Agregado Reciclado de Concreto (ARC)

O uso mais comum, até o momento, para o resíduo de concreto, como agregado, é na área de

infraestrutura de transportes como base e sub-base de pavimentação, apresentando

comportamento favorável a este tipo de estrutura e possibilitando, inclusive, a redução de espessura

de tais camadas (WBCSD, 2009).

Apesar disso, pesquisas vêm sendo desenvolvidas para estudar o emprego deste resíduo como

agregado reciclado em novas misturas de concretos e os resultados apontam para uma perda de

trabalhabilidade devido à alta porosidade, característica do ARC, que acarreta na absorção da água

de amassamento (BEHERA et al., 2014). Há, ainda, outras características que podem influenciar

esses efeitos, como a ordem de mistura, que pode provocar alterações na relação água/cimento do

concreto (BONIFAZI et al., 2015). Sendo assim, o produto final pode apresentar grandes variações

em questões de resistência e durabilidade, principalmente quando se emprega a compensação da

água para alcance de abatimento (WERLE, 2011; PADOVAN, 2013). O efeito negativo da elevada

porosidade também foi constatado em estudos com misturas quentes de asfalto, onde o emprego

de ARC demandava maior qualidade do material betuminoso (RUDUS, 2000).

No estado endurecido, estudos mostram que o emprego de ARC em concreto impacta na

durabilidade do concreto, apresentando desempenho inferior quanto maior for a taxa de substituição

(WERLE, 2010; GONÇALVES, 2012). No entanto, Yehia et al. (2015) relatam que, em taxas

moderadas (cerca de 30%) de substituição, a presença de ARC não altera significativamente os

resultados de resistência à compressão, propriedade que está diretamente relacionada à

porosidade do material.

Apesar disso, a normatização brasileira ainda permite o uso de agregados reciclados de concreto

apenas em pavimentações e concretos sem função estrutural e, para que estes possam ser

utilizados, devem apresentar taxa de absorção máxima de água de 7% e 12% para agregado graúdo

e miúdo, respectivamente segundo a NBR 15116 (ABNT, 2004).

2.2 Carbonatação do concreto

A carbonatação é um processo que ocorre naturalmente, em concretos endurecidos expostos ao

ambiente, através da reação entre o gás carbônico presente na atmosfera com os produtos de

hidratação presentes nos poros do concreto, principalmente o hidróxido de cálcio (MEHTA;

MONTEIRO, 2015). O principal produto dessa reação é a precipitação de carbonato de cálcio,

alterando o caráter altamente alcalino do concreto, reduzindo valores de pH na ordem de 13 para

um valor próximo de 9 (SANTOS, 2015).

Além disso, ocorre o preenchimento dos poros da estrutura causado pela maior massa molar do

CaCO

3

. Esse preenchimento de poros pode trazer benefícios e aumentar a dureza superficial do

concreto (CHI et al., 2002), e a diminuição da porosidade pode diminuir a absorção de água (XUAN

et al. 2016).

Paralelamente aos estudos de carbonatação no estado endurecido, pesquisadores vêm analisando

a técnica de cura inicial através da carbonatação acelerada. Este procedimento se diferencia da

carbonatação do concreto em estado endurecido, por conta dos compostos envolvidos nas reações,

dos produtos resultantes e do método de troca do gás carbônico com a matriz cimentícia. No

processo de cura por carbonatação, ocorre reação com os componentes ainda não hidratados do

cimento como o silicato tricálcico e o silicato dicálcico (KASHEF-HAGHIGHI, SHAO, GHOSHAL,

2015). Enquanto na carbonatação no estado endurecido, a reação depende da difusão do CO

2

através da porosidade do concreto, e da sua dissolução na solução aquosa dos poros para que