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então haja a reação com o produto final da hidratação, que também deve estar solubilizado na
solução aquosa.
A carbonatação durante o período de cura já foi aplicada em concretos com diferentes teores de
substituição de agregado natural por agregado reciclado de concreto, com o objetivo de melhorar
as características deste concreto, que pode apresentar queda de desempenho, se comparado ao
mesmo, com agregados naturais, por consequência de fatores descritos anteriormente (ZHAN,
POON, SHI, 2013).
A mesma técnica de cura, na presença de dióxido de carbono, vem sendo utilizada, também, em
concretos comuns, neste caso com o objetivo de capturar CO
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numa forma de compensação por
conta da fabricação do cimento, tornando o uso deste concreto mais sustentável. Em paralelo a
essas tentativas de sequestro de carbono, descobriu-se que este tipo de cura tem demonstrado
potencial de melhoria de ainda outras características do concreto, como ganho de resistência inicial
à compressão e diminuição da retração por secagem (BAOJIAN; CHISUN; CAIJUN, 2013). Bertos
et al. (2004), também perceberam melhorias e concluíram que três minutos de cura acelerada com
carbonatação se equiparam a 12 horas de cura convencional.
2.3 Parâmetros que influenciam na carbonatação
Existem diferentes fatores que influenciam na eficiência e velocidade de carbonatação do concreto.
Tais fatores podem ser de natureza ambiental ou relativos ao concreto.
Quanto às condições ambientais, a que mais interfere no processo de carbonatação é a umidade.
Pauletti; Possan e Dal Molin (2007) demonstram que o teor de umidade mais empregado nos
ensaios de carbonatação é de 70%, o que permite a dissolução dos componentes da reação e ao
mesmo tempo permite o acesso do CO
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aos poros do concreto. Com relação aos efeitos da
temperatura, as velocidades das reações de carbonatação não variam significativamente num
intervalo entre 20 e 40 °C, Papadakis; Vayena e Fardis (1992), embora as reações tendam a
acontecer de forma mais rápida quanto maior for a temperatura.
Dos parâmetros relacionados ao concreto, destacam-se a porosidade, a técnica de cura utilizada,
tipo de cimento e adições minerais empregadas. A qualidade da cura e a composição do concreto
são fatores que estão diretamente relacionados com a formação e a distribuição de poros. Thiery et
al. (2007) afirma que quanto maior a porosidade, mais rápido será o avanço da frente de
carbonatação.
Em relação ao tipo de cimento utilizado no concreto, sabe-se que a composição química do mesmo
tem implicação sobre a eficiência do processo de carbonatação. Segundo Possan (2016) concretos
produzidos com CP V (sem adições) tendem a uma maior resistência à carbonatação, quando
comparados com concretos com teores altos de adição. Na Figura 8 é possível ver que o aumento
da profundidade de carbonatação em concretos com escória é consideravelmente maior quando
comparado ao concreto composto por Cimento Portland Comum. Essa influência também pode ser
observada em outros compostos usados como Materiais Cimentícios Suplementares (SCM). A
Tabela 7 indica o efeito das adições mais comuns no Brasil, levando em consideração a proporção
na mistura.