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3. MÉTODO DE PESQUISA
Foi definida como estratégia metodológica a abordagem participativa reversa a aquela que deu
origem a Teoria da Janela Quebrada de Wilson e Kelling (1982), onde desta vez, a intervenção seria
focada na inserção de elementos que pudessem qualificar o lugar com o intuito de estimular
alterações na forma atual de apropriação do mesmo, com possível qualificação do ambiente urbano
e direcionamento sustentável decorrentes das ações propostas. Portanto, optou-se por uma
pesquisa qualitativa de cunho exploratório, com a realização do diagnóstico que utilizou como
referência a abordagem de análises espaciais de LYNCH (2011), CARDIA e BOTTIGELLI (2011),
GEHL (2014) e BONDARUK (2007) e com uso da metodologia da abordagem participativa da
pesquisa-ação, como método de aplicação prática dos conceitos apontados pela estratégia de ação
oposta ao experimento que deu origem a teoria das janelas quebradas.
Para os demais objetivos específicos adotou-se uma abordagem direta nos contatos com os atores
locais e municipais e a realização de oficinas para promoção das intervenções que promoveram
alterações na área de estudos através da estratégia da inserção da arte, tática adotada em função
de seu caráter inclusivo e sustentável por agregar pessoas de diferentes idades e classes sociais,
realidade identificada na área de estudos durante a fase de reconhecimento da área. O recurso
metodológico da pesquisa-ação se constituiu nas oficinas realizadas nas lajes que cobrem o Canal
da Costa abaixo da Terceira Ponte que conecta a capital Vitória com à cidade de Vila Velha. A
opção por distribuir e segmentar os trechos de intervenção, apontados na figura 3, em diferentes
períodos distribuídos ao longo de um ano foi estratégico para permitir a observação pós-
intervenção, pois essa modalidade propiciava uma ocupação gradual do local e oferecia maior
possibilidade de interação entre a comunidade e a área objeto deste estudo, permitindo o registro
das reações das pessoas em relação ao local a partir de cada intervenção realizada.
Ainda em relação à estratégica metodológica aplicada, para a promoção do pertencimento, da
sustentabilidade social e melhor apropriação do local de estudo foi proposto o envolvimento da
comunidade e dos gestores locais, que foram chamados para participar em reuniões de discussão,
validação e idealização das etapas propostas para cada oficina. Foi realizado um total de quatro
oficinas, a primeira em março de 2015 para iniciar a aproximação e coletar os anseios e impressões
da comunidade sobre a área, para isso, optou-se por realizar a oficina no local onde acontece a
feira de produtos biológicos, em um sábado, já que desta forma o público alvo, que seriam os
moradores da região, estaria frequentando o local motivado pela feira. As outras três oficinas
aconteceram seguindo a estrutura física do local na área, onde existe um piso que cobre o trecho
do Canal da Costa, compreendido entre os três pares de pilares das Av. Henrique Moscoso e Av.
Champagnat, ou seja, cada oficina aconteceu no entorno de cada par de pilares, identificado para
receber as intervenções de arte e grafite. A proposta idealizada pelos pesquisadores em parceria
com os atores locais contemplava além das oficinas de arte, outras opções que incluíam o esporte
e lazer, pois se observou a necessidade de se ter mais de uma ação que estimulasse a participação
do público, cabe aqui notar que Morin (2008) afirma que uma ação em si é também um processo
complexo e possível de imprevistos, portanto, considerou-se prudente que ocorressem mais de uma
ação durante cada intervenção urbana. Assim, em cada oficina a metodologia foi a mesma,
constituída de uma ação principal: pintura do par de pilares pela população com orientação e
supervisão dos pesquisadores; e de ações secundárias para estimular a sustentabilidade social
através do convívio igualitário que acompanhava convites para participar de um café-da-manhã
solidário e das atividades de esporte e lazer promovidas pelos organizadores. Como metodologia
para análise e verificação dos resultados das oficinas de intervenção urbana, foi utilizado o método
empírico de observação com fotos do local que retratam o antes e depois das intervenções e o
estado atual da área de estudo. Optou-se também pela aplicação de um questionário com 15