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Esta primeira intervenção urbana teve o propósito de despertar na comunidade local a possibilidade
de ocupação do espaço público, assim como identificar os anseios da comunidade em relação à
área de estudos. O resultado foi expresso na forma de desenhos e frases que demonstravam que
o espaço público analisado deveria ter mais cor, luz, conforto, que fosse seguro e acolhedor, como
indicado na tabela 01. Vale destacar que nesta ocasião o espaço apresentava a predominância de
tons cinza e pardos, pouca iluminação noturna, lixos acumulados, pichações, depredações, aridez
e desconforto pela ausência de mobiliários urbanos seguros para o uso, ou seja, um ambiente com
baixos indicadores de qualidade e sustentabilidade social. Esses fatores negativos coincidem com
o degrado físico das características expressas na teoria da Janela Quebrada identificados como
estímulos à desordem social e contribuíam para a sensação de insegurança que era agravada pela
presença de pessoas em situação de vulnerabilidade social por estarem na condição de moradores
de rua ocupando uma área com características de abandono e depredação.
Tabela 1.
Síntese dos anseios expressos pela comunidade para o trecho de estudos.
INFRAESTRUTURA
USO
QUALIDADE
limpeza
arte
cor
bancos
teatro
luz
vegetação
dança
segurança
iluminação
música
conforto
manutenção
rampas skate
abrigo
tratamento da água do Canal da Costa
parquinho infantil
proteção
Fonte: tabela elaborada pelos autores (2015).
A partir deste primeiro resultado foram feitas novas reuniões e contatos com o município para
adequar as propostas e infraestrutura demandadas para as intervenções seguintes. As outras três
intervenções urbanas ocorreram em novembro e dezembro de 2015 e a última das intervenções
aconteceu em fevereiro de 2016. Cada oficina optou por inserir um tema novo e alinhado a realidade
local. A ideia era motivar a participação das pessoas através das oficinas de intervenção urbana
com atividades que contemplavam arte, esporte e lazer, como apresentado nas figuras 5, 6 e 7. A
segunda oficina inaugurou às pinturas coletivas dos dois primeiros pares de pilares e contou com
uma equipe que realizou a medição de pressão e glicose no local, além de uma aula de Yoga
promovida em parceria com atores locais (figura 5).
Figura 5.
Segunda oficina de intervenção urbana embaixo da Terceira Ponte, novembro 2015.
Fonte: acervo dos autores (2015).
Para o tema da terceira oficina foi definido o natal, e o foco foi nas crianças com a atividade de
confecção de cartões de natais acompanhada da pintura de outros dois pilares do trecho da área
de estudos. A pintura contou ainda com a participação de um artista urbano, morador do bairro, que
realizou um grafite urbano em uma face dos pilares com o tema em homenagem ao Convento da