Table of Contents Table of Contents
Previous Page  835 / 2158 Next Page
Information
Show Menu
Previous Page 835 / 2158 Next Page
Page Background

835

Figura 8. Melhorias preservadas após

oficinas de intervenção urbana.

Fonte: acervo dos autores (2016).

5. CONCLUSÃO

Ainda que o espaço embaixo da Terceira Ponte inspirasse o abandono e degrado, com poucos

traços de sustentabilidade, as oficinas propostas consolidaram e confirmaram a hipótese inicial de

que a inserção de elementos de humanização em um espaço abandonado e negligenciado pode

sim promover uma transformação que agrega valores de apropriação novos a um lugar. O que

reforça a vontade latente da população de se apropriar dos espaços livres para uso público. Fato

este comprovado e expressado pelos moradores que anseiam por espaços de convívio para festas

religiosas, encontros da terceira idade e de jovens, atividades culturais e comerciais citadas como

resposta ao questionário aplicado após as intervenções. Outro resultado positivo constatado é que

os pilares pintados durante as oficinas de intervenção urbana, não foram “pichados” ou sofreram

atos de vandalismo. O mesmo ocorreu nas edificações no entorno da área debaixo da Terceira

Ponte, onde foram realizadas as oficinas, que até a presente data não apresentaram novos casos

de danos ao patrimônio publico e privado decorrentes das “pichações”, que antes eram frequentes.

Também se percebeu que através da parceria da comunidade civil e acadêmica com os gestores

públicos e privados, as propostas de qualificação e revitalização dos espaços públicos podem ter

resultados satisfatórios para todos. A pesquisa constatou que existe uma carente atuação de

comunidades locais na promoção de atividades conjuntas de apropriação saudáveis de espaços

públicos negligenciados. Apesar de almejarem melhorias e deliberadamente exprimirem críticas ao

descaso do poder público optam pelos mecanismos de controle artificiais como muros altos, cercas

eletrificadas, câmeras de vide monitoramento, e grades que em vez de constituírem defesas contra

o perigo (Bauman, 2009), estão reforçando o perigo por se isolarem na cidade. As reações

expressas nas formas de apropriação que ocorreram a partir das ações propostas durante esta

pesquisa demonstraram que existe vida e desejo de uma cidade mais sustentável, com melhor

qualidade de vida e acesso igualitário aos espaços públicos, em constante conflito com o medo

derivado do cenário urbano, confirmando que a reação do público pode ser proporcional à paisagem

urbana em que está inserido.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BAUMAN, Zygmunt. Confiança e medo na cidade. Rio de Janeiro, RJ: Zahar, 2009.

BAUMAN, Zygmunt. Medo Líquido. Rio de Janeiro, RJ: Zahar, 2012.

BONDARUK, Roberson Luiz. A prevenção do crime através do desenho urbano. Curitiba: Edição

do autor, 2007.