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Para os mesmos autores e para Roese (2004), a prática da agricultura urbana contribui, também,

para o abrandamento de microclimas e para a manutenção da biodiversidade; assim, como para o

escoamento e absorção das águas das chuvas; para a diminuição do efeito de ilha de calor urbano

e também para o valor estético da cidade, já que agrega um indiscutível valor estético, valorizando,

inclusive, os imóveis das redondezas.

Swinton et al. (2007) incluem, ainda, entre as contribuições da AU, a preservação da fertilidade do

solo; a proteção dos agentes polinizadores; a manutenção e do habitat para os animais, em adição

à contenção de pragas, à atenuação das emissões de gases, bem como o sequestro de carbono.

4.2 A agricultura urbana e o planejamento urbano

Apesar de sua importância para a sustentabilidade das cidades, a integração da AU a ecossistemas

urbanos não tem recebido o devido reconhecimento em estudos e aplicações para o planejamento

urbano (Aubry et al., 2012).

Segundo Mougeot (2000), uma integração mais completa da AU com o ecossistema urbano exigiria

que os planejadores urbanos, de saúde pública e de gestão ambiental somassem esforços. Mais

precisa ser feito pelos agentes envolvidos na proposição de políticas urbanas, nos planos nacionais

e municipais, para ajudar as comunidades e cidades a capitalizar a sua experiência coletiva e para

integrar a AU ao organismo da cidade, de uma forma mais justa, viável e sustentável (MOUGEOT,

2000; CAVRIC; MOSHA, 2005).

A rápida urbanização das cidades resulta, segundo Thaitakoo et al. (2013), em uma paisagem

altamente heterogênea, áreas de uso urbanas conectadas às áreas rurais adjacentes. A agricultura

urbana possibilita, neste sentido, o estabelecimento de estratégias que permitem costurar essa

paisagem antagônica, reduzindo o contraste entre as áreas rurais e urbanas, uma vez que elas são

interdependentes e conectadas.

Muitas políticas de uso do solo que, no passado, continham propostas para a implementação da

agricultura periurbana, e que foram aplicadas principalmente em países desenvolvidos, têm seguido

uma abordagem de proteção do solo, por meio da criação de um zoneamento urbano, ou do uso de

políticas denominadas "cinturões verdes", que estabelecem limites entre áreas urbanas e rurais,

separando as áreas construídas das chamadas áreas verdes (AMATI, 2008).

No entanto, o planejamento territorial, com a finalidade exclusiva de proteção da terra, não é

suficiente para incentivar os agricultores a continuar suas atividades agrícolas próximo às áreas

urbanas e têm resultado no abandono das atividades agrícolas e em conflitos sobre usos do solo,

tanto dentro, como fora das áreas verdes (DARLY; TORRE, 2013).

Mougeot (2000) et al., apontam que os planejadores urbanos devem avaliar os itens necessários

para o desenvolvimento da agricultura urbana nas cidades, identificando soluções que incentivem

a sua prática em pequena escala, além do fornecimento de uma infraestrutura básica que lhe dê

suporte.

Criar um sistema alimentar local, com o planejamento e ordenamento do território, portanto, exige

a compreensão dos interesses e do comportamento dos agentes envolvidos (consumidores,

comerciantes e produtores). Embora as áreas ao redor das cidades tenham um rico potencial para

integrar sistemas alimentares locais, o comportamento dos atores relacionados a alimentos pode

não ser "local", pois muitos produtores exportam a sua produção, ao invés de comercializá-la

localmente (KURITA et al., 2009).