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deveremos cultivar os alimentos, de modo a reconectar a civilização com aquilo que permite a sua
sobrevivência, que é a agricultura (MCLENNAN, 2010).
2. OBJETIVO
O objetivo principal deste artigo é o de descrever o desenvolvimento de uma abordagem para a
identificação de áreas de maior aptidão para o estabelecimento e a manutenção da agricultura
urbana (AU). Foi contemplado o contexto de planejamento urbano das cidades de pequeno porte,
com vistas a oferecer suporte aos atores sociais envolvidos no processo de tomada de decisão, no
que concerne ao desenvolvimento urbano mais sustentável.
Conforme exposto, é de grande importância o entendimento sobre como uma cidade pode operar
de forma mais eficiente. Neste particular, a produção de alimentos, entendida como uma ferramenta
multifuncional, pode oferecer benefícios em distintas escalas, sendo capaz de explorar mais
racionalmente a infraestrutura oferecida pela cidade e de promover a melhoria da qualidade de vida
da população.
3. METODO DE PESQUISA
Como metodologia, com base em uma revisão da literatura associada ao tema, buscou-se
estabelecer princípios e diretrizes que pudessem ser aplicados a uma municipalidade de pequeno
porte, no estado do Rio Grande do Sul, a cidade de Feliz. A revisão constou de uma investigação
em bases de dados internacionais e nacionais, buscando identificar resultados de trabalhos
publicados em periódicos e relatórios de pesquisas. Além disso, foram consultadas pesquisas
prévias realizadas no NORIE
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, na área de sustentabilidade.
Os principais temas investigados para a elaboração deste trabalho foram: (a) agricultura urbana; (b)
sua relação com o planejamento urbano; (c) estratégias estimulando a sua adoção; (d) sua
importância em municípios brasileiros de pequeno porte; e (e) o caso do município de Feliz, RS.
4. REVISÃO DE LITERATURA
4.1 Objetivos e benefícios da agricultura urbana
A agricultura urbana, em um contexto amplo, inclui o cultivo, o manejo e a distribuição de alimentos
dentro da cidade, podendo ser uma importante resposta para a diminuição na oferta de alimentos
de qualidade, prevista para dentro de algumas décadas, assim contribuindo para uma maior
segurança alimentar da população (MOUGEOT, 2000) e, também, para os implícitos benefícios
para a saúde da população (RYDIN et al., 2012).
A característica distintiva mais importante da agricultura urbana é a sua integração aos sistemas
econômico, social e ecológico urbano. Tal integração requer o uso de recursos bem distintos, tais
quais: solo, resíduos orgânicos urbanos e água; além de estar associada à sua capacidade de
geração de emprego e renda; possibilitando, ainda, a integração de comunidades, a criação de
novas paisagens, etc. Deste modo, além de contribuir para a alimentação dos cidadãos urbanos, a
agricultura urbana impacta na cidade, em termos de resiliência, segurança alimentar, ecologia,
economia, coesão social, saúde, redução da pobreza, significado cultural e desenvolvimento
sustentável (MOUGEOT, 2000; NUGENT, 2000; MCLENNAN, 2010; CORBOULD, 2013).
Segundo Nugent (2000); Mougeot (2000) e McLennan (2010), a AU também tem a sua importância
acrescida por possibilitar a utilização de resíduos domésticos para compostagem, a utilização de
espaços ociosos, a educação ambiental, o desenvolvimento de uma economia de caráter local,
como ainda de oportunizar espaços atrativos e saudáveis de recreação e lazer.