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Ao longo desta década, os recursos hídricos do município permaneceram em déficit, devido à
supressão de vegetação natural, Lima (2000) e da consequente ausência de diretrizes para o uso
da terra que respeite as características ecológicas dos remanescentes de vegetação natural e sua
biodiversidade.
A Sociedade de Ecologia dos Estados Unidos, publicou um trabalho de referência aplicável em
quaisquer biomas do mundo; Dale et al. (2000) recomendam aos gestores dos territórios em suas
decisões de ocupação, a incorporação de oito princípios ecológicos:
1. Examinar os impactos das decisões locais em um contexto regional;
2. Planejar com vistas às mudanças a longo prazo e eventos inesperados;
3. Preservar os elementos raros da paisagem e as espécies associadas;
4. Evitar o uso da terra que deteriore os recursos naturais;
5. Reter áreas extensas, contíguas ou conectadas, que contenham habitat críticos;
6. Minimizar a introdução e a propagação de espécies exóticas;
7. Evitar ou compensar os efeitos do desenvolvimento nos processos ecológicos; e
8. Implementar o uso da terra e práticas de manejo compatíveis com o potencial natural da
área.
2. OBJETIVO
O presente trabalho teve como objetivo estabelecer as bases do desenvolvimento de programas de
educação relativos à importância da conservação e manejo da paisagem, necessários ao
entendimento da sustentabilidade pelas comunidades humanas e para o planejamento das cidades,
por meio de técnicas de interpretação da natureza, aplicáveis ao turismo e a conservação da
biodiversidade, através de cursos de formação, desenvolvidos em experiências anteriores.
3. MÉTODO DE PESQUISA
Dados sobre a diversidade biológica contida em três bacias hidrográficas de Santo Antônio do
Pinhal, denominadas “Prata”, “Lageado” e “Pico Agudo”, foram coletados e serviram de referência
para a organização de materiais e conteúdos para os cursos de formação de guias para o turismo
ecológico e científico, consistindo na capacitação técnica dos participantes para o conhecimento da
paisagem brasileira, da Serra da Mantiqueira e sua história ambiental, a flora das formações
florestais e campestres, a fauna de todos os grupos a elas associados, as técnicas de interpretação
da natureza, oratória, procedimentos de segurança e gestão de áreas naturais protegidas,
ministrados, a 40 moradores de Santo Antônio do Pinhal, Sapucaí-Mirim e Paraisópolis.
Os cursos foram oferecidos no primeiro semestre de 2016 e permitiram aos participantes
desenvolver protocolos de interpretação da natureza, facilitando a compreensão dos valores da
biodiversidade e das práticas de manejo necessárias à conservação de áreas degradadas por meio
de técnicas de restauração ecológica e biocultural.
Os protocolos criados incluíram informações sobre espécies vegetais nos diferentes estratos de
áreas de florestas, espécies de mamíferos, aves, anfíbios e insetos em seus nichos, juntamente
com dados históricos de ocupação dos espaços rurais e urbanos. Os protocolos constituem-se em
roteiros básicos para entendimento e apreciação da paisagem ao longo de trilhas de acesso e
circulação aos remanescentes de vegetação natural do município e a importância da restauração
ecológica e biocultural.
O método de apresentação oral definido nos protocolos criados durante o curso foi planejado e
implantado segundo os princípios de interpretação formulados por Tilden (1957), conforme abaixo: