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1. INTRODUÇÃO

O sector da construção é considerado como um dos que mais contribui para os problemas

ambientais da atualidade. É responsável por 40% do consumo energético (EU, 2010), 50% da

extração de materiais, 33% do consumo de água, 33% da produção de resíduos (EU, 2016). Por

este motivo, o setor é visto como um dos mais importantes para combater os problemas ambientais

do planeta, ou seja para adotar os princípios do desenvolvimento sustentável.

Contudo, a sustentabilidade é ainda, em grande parte, vista pelo sector industrial e pelos utilizadores

dos edifícios como orientada para o ambiente. Por este motivo é usual que a mesma seja indicada

como uma forma de obter benefícios ambientais a longo prazo e elevados custos económicos a

curto prazo (DING, 2008). Esta ideia de que a construção sustentável acarreta custos elevados é

um dos factores que mais contribui para uma reduzida e desadequada implementação deste

conceito.

Vários estudos (ALWAER; CLEMENTS-CROME, 2010; ARAÚJO et al., 2009; ARAÚJO et al., 2016;

TATARI; KUCUKVAR, 2011) comprovam que, numa perspetiva de ciclo de vida, a construção

sustentável pode acarretar custos mais baixos do que a construção convencional. Contudo, apesar

de todos estes estudos, os profissionais do sector da construção continuam a acreditar que a

construção sustentável corresponde a custos iniciais substancialmente superiores (ISSA et al.,

2010; AHN; PEARCE, 2007; PARK et al., 2013; SOON & AHMAD, 2015).

Assim, verifica-se a necessidade de desenvolver mecanismos que permitam identificar soluções

sustentáveis que vão ao encontro da atual disponibilidade de investimento e que se apliquem a uma

das áreas da construção civil com maior potencial de crescimento: a reabilitação.

2. OBJETIVO

Segundo os Censos de 2011, em Portugal existem mais 45% de alojamentos do que famílias (INE,

2011). O sector da construção civil Português encontra-se neste momento a dar sinais de

recuperação económica após alguns anos de grave crise económica. Perante este cenário o setor

tem agora a oportunidade de se reestruturar de forma a criar um novo modelo de desenvolvimento

que tenha em consideração a sustentabilidade do edificado. Neste sentido, com o presente artigo

pretende-se analisar a disponibilidade de investimento de proprietários de edifícios residenciais

localizados em Portugal, em medidas aplicáveis a reabilitação de edifícios que permitam diminuir

impactes ambientais.

3. MÉTODO DE PESQUISA

De forma a ser possível cumprir os objetivos do presente trabalho, foram realizadas entrevistas

estruturadas e questionários a proprietários de edifícios residenciais Portugueses. Estas estratégias

de investigação foram selecionadas tendo em consideração o facto de estarem inseridas num

estudo exploratório onde se pretendem analisar e identificar as tendências de investimento.

O modelo das entrevistas/questionários foi inicialmente testado com 5 pessoas. Após este teste

foram realizadas 28 entrevistas, sendo que o modelo foi, também nesta fase sucessivamente

melhorado. No final, as entrevistas foram transformadas num questionário que foi enviado por

email

a cerca de 100 pessoas, das quais se obtiveram 26 respostas.

No que se refere aos impactes ambientais, foram desenvolvidas 3 questões relativas a: impactes

ambientais do consumo de energia, impactes ambientais do consumo de água e impactes

ambientais dos materiais de construção. Apresenta-se de seguida a secção relativa aos impactes

ambientais do consumo de energia.