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1. INTRODUÇÃO

A indústria de construção civil impacta significativamente o meio ambiente em todas as suas

etapas, desde a extração de insumos até a demolição da edificação. Sabe-se que é a indústria

que mais consome energia e materiais no mundo, na qual as edificações são responsáveis pela

maior parte desses impactos (PARK et al, 2014), que ocorrem em termos de consumo de energia

renovável, de matéria-prima e de emissões de gases do efeito estufa (GEE).

Desses impactos, tem-se a emissão de gases como um dos mais preocupantes devido a sua

relação direta com o aquecimento global. De acordo com dados do The World Bank (2013), a

emissão mundial de dióxido de carbono causada pela queima de combustíveis fósseis e produção

de cimento atingiu 29,4 bilhões de toneladas em 2009.

Considerando-se os impactos ambientais causados pela construção civil e a necessidade de

minimizá-los, alguns sistemas construtivos industrializados vêm sendo empregados no mercado

brasileiro nos últimos anos, como por exemplo, o

light steel frame

e o

light wood frame

, que se

apresentam como alternativas ao sistema convencional de alvenaria de blocos cerâmicos.

Observa-se que o

ligth steel frame

tem sido mais explorado em estudos brasileiros, mesmo

havendo uma previsão de antemão de bom potencial quanto ao uso do

light wood frame,

a partir

de floresta plantada no Brasil. Além disso, tem-se que a madeira com manejo pode ser

considerada um recurso renovável, o que justifica este trabalho, que tem foco no

light wood frame

.

É necessário ainda averiguar a sustentabilidade do

light wood frame

e, para isso, alguns

indicadores de impactos ambientais podem ser utilizados, tais como emissões de CO

2

, compostos

orgânicos voláteis, conteúdo abiótico, entre outros. Neste trabalho foram considerados dois tipos

de impactos, as emissões de CO

2

e a depleção abiótica.

1.1 Gases de efeito estufa e depleção abiótica

Os impactos referentes às emissões de gases do efeito estufa e à depleção abiótica são

usualmente tratados em estudos de Avaliação de Ciclo de Vida (ACV), que em geral considera

todo o ciclo de vida de um produto ou processo. Nesta avaliação, é realizado um inventário das

entradas de material e energia e das respectivas saídas em termos de emissões. A partir desse

inventário inicial, é então realizada uma análise dos impactos ambientais causados. Neste

trabalho, para as emissões de gases foram considerados o gás carbônico e outros gases do efeito

estufa dados em CO

2

equivalente, isto é, o efeito que esses gases causam em termos de

quantidade de CO

2

que causaria o mesmo efeito. A escolha de trabalhar com outros gases e não

apenas com o CO

2

se deve ao fato de que há outras emissões que também impactam o meio

ambiente severamente, como a emissão do gás metano (CH

4

).

Além disso, também foi considerado importante discutir o impacto decorrente dos recursos não

viventes, uma vez que o planeta se encontra em um caminho cada vez mais insustentável de

consumo, devido principalmente ao uso intenso de combustíveis fósseis. Tal impacto é a depleção

abiótica e sua análise depende de alguns fatores tais como o avanço tecnológico em extração de

matéria-prima e a economia mundial, e o declínio dos recursos naturais nas reservas mundiais

(OOERS, GUINÉE, 2016). Neste trabalho, em relação a depleção abiótica, foram considerados os

recursos energéticos utilizados para as operações realizadas nos processos do

light wood frame

.

Ainda, observa-se que tal indicador pode envolver o uso de recursos renováveis e de não-

renováveis, mas para o presente estudo foram considerados apenas os não-renováveis, os

combustíveis fósseis.

Desta forma, neste trabalho é feito um recorte da ACV, considerando estes dois tipos de impactos.