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A partir dos Princípios de Sustentabilidade aplicados ao desenho urbano, desenvolvidos por
Andrade (2005), foi feita uma sistematização de outras metodologias por meio de princípios,
critérios, indicadores e verificadores, conforme definições de (FSC, 1998), (Rodriguez, 1998), e
(CIFOR, 1996). Andrade e Lemos (2015) buscaram novos parâmetros que abordassem as questões
urbanísticas, contemplando não exclusivamente a questão ambiental, com interconexões presentes
nas abordagens consideradas fundamentais. A metodologia foi nomeada “Sustentabilidade e
Qualidade da Forma Urbana”, que contemplou a legislação urbana e ambiental e os conflitos entre
questões urbanas e questões ambientais (agenda marrom e agende verde), segundo a amplitude
dos Princípios de Sustentabilidade (Andrade, 2005) e a sinergia entre as agendas (ONU-HABITAT,
2009). Entendendo que a forma urbana provoca impacto no modo de vida das pessoas e no meio
ambiente, acrescentou-se as questões relacionadas à forma urbana do Grupo DIMPU – Dimensões
Morfológicas do Processo de Urbanizaçao, da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da
Universidade de Brasília (HOLANDA, 2013). Holanda e Kohlsdorf (1996) propõem entender
arquitetura como qualquer espaço socialmente utilizado e, portanto, situação relacional e
dimensional. A classificação de expectativas sociais gera taxonomia dos lugares que são dimensões
com várias descrições de um mesmo lugar, segundo diferentes atributos (categorias e elementos
analíticos), para um bom desempenho quanto aos aspectos funcionais, bioclimáticos, econômicos,
sociológicos, de identidade e orientabilidade, afetivos, simbólicos e estéticos bem como éticos e
ecológicos.
O último momento de elaboração da metodologia de análise se dedicou a integração do referencial
dos princípios de sustentabilidade (Andrade, 2005) com o Desempenho Morfológico dos Lugares,
que trata das expectativas sociais (Grupo DIMPU: M.E. Kohlsdorf; G. Kohlsdorf; F. Holanda, da
FAU/UnB). Essa integração teórica permitiu a visão integrada da sustentabilidade, urbanidade e
habitabilidade (Andrade, Silva, Medeiros e Timo, 2010). Para que todo o conjunto de referenciais
teóricos citados permitisse uma metodologia de análise aplicada, a metodologia proposta optou por
construir quatro tabelas da sustentabilidade – (1) Sustentabilidade Ambiental, (2) Sustentabilidade
Social, (3) Sustentabilidade Econômica e, (4) Sustentabilidade Cultural e Emocional. Uma síntese
pode ser vista na Tabela 1 mais a frente. Essas quatro tabelas agregam contribuições da Legislação
Urbana e Ambiental; Certificações Para a escala urbana, foram sistematizados 17 princípios, 41
critérios, 92 indicadores e 104 verificadores organizados em 4 dimensões da sustentabilidade
urbana, ambiental (infraestrutura verde e conforto ambiental), social (urbanidade e mobilidade),
econômica (adensamento e dinâmica urbana) e cultural e afetiva (legibilidade, identificabilidade,
afetividade).
As tabelas referentes a cada uma das sustentabilidades não são apresentadas em toda sua
extensão neste artigo, as tabelas apresentadas nos estudos de caso são uma síntese daquelas
utilizadas para análise, evidenciando se os princípios avaliados foram correspondentemente não
atendidos (N), não se aplicavam (NA) ou se foram atendidos (A). Como os projetos escolhidos para
serem avaliados tratam de projetos de espaços públicos e a metodologia foi desenvolvida para ser
aplicada à sustentabilidade e qualidade da forma urbana no âmbito de projetos urbanos e
habitacionais, os princípios relacionados à questão habitacional não foram avaliados como no caso
das moradias economicamente viáveis e adensamento urbano.