Table of Contents Table of Contents
Previous Page  2117 / 2158 Next Page
Information
Show Menu
Previous Page 2117 / 2158 Next Page
Page Background

2117

Os projetos de intervenção urbana devem preconizar a valorização dos laços sociais e culturais

existentes, a relação harmônica com a natureza e o emprego de tecnologias acessíveis.

Para enfrentar os desafios sociais e ambientais na visão de Montaner e Muxí (2013), algumas

contribuições devem ser resgatadas como as tradições orgânicas e participativas do urbanismo,

baseado na auto-ogranização de baixo para cima (

botton up

), as políticas de moradia popular, as

novas políticas baseadas e nos transportes públicos, os edifícios públicos pensados para o

aprendizado, o sociabilizar, a comunicação e expressão das pessoas, os espaços verdes, os eixos,

os espaços de pedestres e ciclovias que fomentem a diversidade e as relações intersubjetivas.

Considerando uma arquitetura ecológica e um urbanismo autenticamente participativo, é necessário

pensar em 4 eixos de transformação: igualdade, diversidade, participação e sustentabilidade.

A igualdade talvez seja o mais importante porque abrange todos os eixos apontados. Perante a lei

tem relação direta com os direitos humanos que preconizam os princípios de liberdade, igualdade,

fraternidade e não discriminação. O Direito à Cidade, um dos textos básico de Henry Lefebvre,

escrito em 1968, teorizou sobre as mudanças do território produzidas no século passado e novos

direitos relacionados com a cidade moderna passam a ser reivindicados como a moradia, o bairro,

a reinvindicação da vida cotidiana e a vontade de fazer parte e participar da cidade. Esta abordagem

nos traz um canal de absorção de capital excedente ao longo da história, mais do que ter acesso

aos recursos urbanos, o direito de mudar a percepção de nós mesmos sobre a cidade, para assim

mudar a cidade (HARVEY, 2012).

O urbanismo igualitário, que trata a igualdade de oportunidade entre mulheres e homens, sem

discriminação de gênero, sexo, cultura, língua e orientação sexual é um sub-eixo importante dentro

da temática da igualdade. Na visão de Montaner e Muxí (2013), discriminação de gênero se

expressa fortemente no urbanismo e na arquitetura, condições de conforto e segurança nos

espaços públicos, praças, vias e parques, estilos de vida sob a ótica de gênero, condições dos

sistemas de transportes, lugares de trabalho e acesso às edificações. Já os direitos gerais básicos

como moradia, saneamento, espaço público e cultura deveriam ficar a cargos dos governos locais

e municipais, porém nos países em desenvolvimento, esses direitos ainda foram atendidos como

nos países desenvolvidos.

A diversidade é outro eixo destacado por Montaner e Muxí (2013), o direito à igualdade quanto aos

diferentes tipos de pessoas. Nem sempre a cidade pensada para todos inclui a diversidade social e

cultural, de indivíduos, de lugares religiosos, costumes na sociedade pós-colonial e cidades e

bairros multiculturais, o que inclui os imigrantes. Cada bairro deve exprimir a diversidade de culturas

que nele habitam, suas músicas, seus imaginários, suas crenças, seus alimentos, suas maneiras

de se relacionar com o espaço público. Deve valorizar as experiências e comunica-las, entendendo

que os imaginários urbanos são diferentes.

A participação na visão de Montaner e Muxí (2013) é considerada um instrumento ou procedimento

valioso para promover a igualdade e a diversidade. É o ponto-chave para a transformação do

urbanismo realizado por poucas pessoas, aberta às demandas sociais mais humanas e mais

ecológicas, atenta às realidades locais. Porém, poucos arquitetos urbanistas ou planejadores

urbanos estão depostos a assumir o esforço do trabalho em equipe e de mudança de mentalidade,

não são treinados a escutar as necessidades das pessoas.

De acordo com Montaner e Muxí (2013, p.18), é importante recuperar teóricos que já pensavam em

estratégias adequados à participação e relacionados a conhecimentos e formas compartilhadas na

arquitetura como os “argumentos participativos” de Jonhn Turner, os “padrões” de Christopher

Alexander elaborados na década de 1970 e os “suportes” de Jonh Habraken.

Por fim, o outro eixo norteador deve ser guiado pelos princípios de sustentabilidade. Os princípios

trabalhados por Andrade (2005) formam uma estrutura sistêmica e integrada para auxiliar a