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1881

solo (MOTOMURA; FONTOURA; KANASHIRO, 2016). Além da análise do mapa de

caminhabilidade, avança-se no recorte de duas variáveis para análise comparativa: densidade de

intersecções e de uso do solo para a discussão da caminhabilidade em cidades de médio porte no

Brasil. Ambas as variáveis estão inseridas nos argumentos de Jacobs (2011), na década de 60,

como condições para gerar a diversidade urbana: necessidade de quadras commenores dimensões

e de usos combinados. A densidade de intersecções, de acordo com Handy et al. (2002) refere-se

à disponibilização de alternativas de rotas de forma direta entre destinos. Saelens et al. (2003)

aponta a importância da distância entre dois tipos de uso e relaciona a necessidade da diversidade

de usos.

Assim, essa pesquisa contribui para o entendimento da relação do ambiente construído com o

caminhar, proporcionando oportunidades de mobilidade ativa e consequentemente uma maior

prática de atividade física no cotidiano das pessoas. Tais discussões são necessárias no

planejamento urbano para tornarmos as cidades mais sustentáveis e saudáveis.

2. OBJETIVO

Diante da importância da inserção do caminhar no entendimento da mobilidade urbana sustentável,

esse estudo tem como objetivo principal compreender as variáveis de densidade de intersecções e

de uso do solo como componentes fundamentais para fortalecer a mobilidade ativa. Portanto,

enquanto objetivos específicos tem-se a sistematização do

Walkability Index

(FRANK et al., 2010a)

para a cidade de Cambé-PR, resultando no mapeamento dos setores mais caminháveis bem como

no cotejamento da relação entre densidade de intersecções e da diversidade do uso do solo.

3. MÉTODO DE PESQUISA

3.1 Construção do Index de Caminhabilidade

O índice de caminhabilidade, método proposto por Frank et al. (2010a), foi construído para a cidade

de Cambé-PR. Relaciona quatro variáveis para se criar um padrão espacial de caminhabilidade, a

saber: (1) Densidade residencial: relação entre o número de unidades residenciais e a área ocupada

pelo uso residencial (em acres); (2) Densidade comercial: relação entre a área comercial construída

(acres) e a área destinada ao uso comercial (acres). Essa medida indica a relação do quanto da

área comercial é destinada para estacionamento de veículos motorizados; (3) Densidade de

intersecções: relação entre o número de interseções consideradas reais (três ou mais ruas) e a área

do setor censitário (acres); (4) Diversidade do uso do solo: medida relacionada à diversidade dos

tipos de uso do solo em uma determinada área, incluindo os usos: residencial, varejo (excluindo as

“big boxes” - shoppings centers), lazer (incluindo restaurantes), serviço e institucional (incluindo

escolas e instituições comunitárias).

Utilizou-se a unidade de área em acres, similar ao índice de Frank et al. (2010a), para possíveis

comparações com outros índices já aplicados, bem como foram adotados como recortes espaciais

os setores censitários urbanos de Cambé-PR, definidos de acordo com o IBGE (Instituto Brasileiro

de Geografia e Estatística). A decisão por esta base geográfica deu-se pela possibilidade de

correlacionar o índice de caminhabilidade com outros bancos de dados demográficos como de

renda, densidade populacional, educação, entre outros que utilizam os setores censitários como

base. Para os levantamentos de uso do solo, apenas o pavimento térreo foi considerado, uma vez

que os usos diretamente acessados estão associados à caminhabilidade (SUNG et al., 2015).

A partir do levantamento de cada variável, por setor censitário, todos os valores foram normalizados

pelo padrão de cálculo estatístico “z score” ou “valor z”. O cálculo final do índice de caminhabilidade