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Segundo o sistema de classificação de Koppen (1948), Natal possui um clima tropical úmido (As’),

evidenciado por chuvas de inverno e verão seco. Sua posição litorânea faz com que a amplitude

térmica durante o ano seja relativamente baixa, com temperatura média de 24ºC no inverno e de

30ºC no verão. Especialmente nesse tipo de clima a taipa mostra ter grande eficiência térmica, pois

o barro cru regula a umidade do ambiente e armazena calor durante o dia, liberando-o lentamente

à noite (PISANI, 2004) e mantendo, assim, o conforto no interior da construção. Além disso, o barro

é um material resistente ao fogo e com boas propriedades acústicas.

Esta é uma técnica que não agride o meio ambiente, já que na preparação da taipa é necessário

somente de 1 a 2% da energia despendida com uma construção similar com concreto armado ou

tijolos cozidos (PISANI, 2004). Ademais, segundo Pisani (2004), as construções podem ser

demolidas e seu material reutilizado inúmeras vezes. Além da sustentabilidade ambiental, a técnica

compreende os outros dois pilares da sustentabilidade: a social e a econômica. As duas últimas são

alcançadas porque a taipa possui baixo custo e não precisa de mão-de-obra especializada, podendo

ser construída em mutirão, o que barateia ainda mais a obra e a transforma em uma alternativa

provável para a diminuição do déficit de moradia no país.

Apesar de todas essas vantagens, a taipa carrega consigo o estigma de ser anti-higiênica. Isto

porque o barro não é um material impermeável e, quando edificada de forma rudimentar, as paredes

podem retrair-se com a evaporação da água, apresentando rachaduras e trincas que abrigam

insetos, entre eles o barbeiro, responsável pela transmissão da doença de Chagas (PISANI, 2004)

e (ALMEIDA, 2007). Esse problema pode ser facilmente resolvido com tratamentos em sua

superfície e uma boa impermeabilização das áreas próximas ao solo (ALMEIDA, 2007).

È importante ressaltar que os estigmas que essa técnica carrega “resultaram em verdadeiros

programas de erradicação dessa tipologia construtiva nos séculos XIX e XX em diversas partes do

país” (ALMEIDA, 2007, p.212), fazendo com que a taipa fosse ignorada pelas administrações

públicas, desprezando, assim, seu grande potencial social.

Apesar de a política habitacional atual não prever o uso da terra em seus programas, um número

considerável de conjuntos habitacionais passaram a ser construídos em mutirão a partir dos anos

2000, com o apoio de universidades e ONGS brasileiras (CARVALHO; TEIXEIRA, 2016). Entre eles

se destacam a produção de casas em adobe para o Assentamento Rural Sepé Tiaraju, no estado

de São Paulo, pelo grupo HABIS, da USP (Universidade de São Paulo) e a produção de tijolos de

solo cimento

(uma mistura composta por terra, cimento e água) pela ONG Ação Moradia, que

contribui para a produção de habitações populares em projetos como o Lua Nova, em Sorocaba,

São Paulo, e o Residencial Campo Alegre em Uberlândia, Minas Gerais (CARVALHO; TEIXEIRA,

2016).

4.1.2 O uso da madeira pelos imigrantes italianos no sul do Brasil

Por entre os imigrantes italianos que se estabeleceram no sul do país a partir de fins do século XIX,

advindos principalmente do norte da Itália, de acordo com diversos autores que se basearam em

relatos orais, as técnicas de construção mais comuns no seu país de origem eram em pedra e em

alvenaria. Porém, o isolamento e a grande falta de recursos fez com que adaptassem esse

conhecimento para trabalhar com o material disponível abundantemente na região: a pedra basalto

e a madeira das florestas, principalmente da araucária. De acordo com Weimer (2012, p.173), os

imigrantes “reservaram as construções de pedra para as fundações, sobre as quais passaram a

erguer construções de madeira”. A grande maioria das casas apresentava a estrutura, os

fechamentos e a cobertura em madeira. Aproveitando-se do terreno em declive, os imigrantes

construiam suas casas de tal maneira que o porão (geralmente de basalto) ficasse semienterrado,