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review, two examples of vernacular building techniques present in Brazil: a mud house and the stone

and wood house. Through the analysis we can see that these buildings are still surrounded by

stigmas, which must be overcome in favor of a more rational and sustainable way to build, besides

materializing the history of a people.

Keywords:

Heritage; vernacular architecture; regional construction techniques; stigmas;

sustainability.

1. INTRODUÇÃO

Os materiais tradicionalmente usados na construção das moradias foram, por um bom tempo, os

disponíveis pelo meio, como a madeira, a terra e a pedra. Segundo Carlos A. C. Lemos (1993,

p.101), a moradia no Brasil, até fins do século XIX, “pertencia a um patrimônio cultural estruturado

por vínculos e relações necessárias entre aquilo que o meio ambiente oferecia e o ‘saber fazer’

nacional, atendendo a expectativas próprias de uma sociedade praticamente isolada do mundo.”

De modo geral, a partir da Revolução Industrial, o programa de necessidades, os equipamentos e

as técnicas construtivas utilizadas sofreram grandes alterações. Nesse contexto, a busca por novos

materiais, técnicas e pela padronização de produtos e procesos, impulsionadas pela

industrialização e pela globalização levaram, dentre outros aspectos, a modelos e referências, de

certo modo, homogeneizadas e contribuíram para a disseminação de uma arquitetura universal

afastada do seu meio, dependente de energia, exploradora de recursos e geradora de resíduos.

Na esfera mundial, perante os atuais problemas ambientais, sociais e econômicos percebidos é

imprescindível a adaptação da arquitetura a um processo de projeto de construção mais

sustentável. A Agenda 21 Global, acordada e assinada por 179 países na Conferência das Nações

Unidas sobre o Meio Ambiente e o Desenvolvimento, realizada no Rio de Janeiro em 1992 – mais

conhecida como Rio 92 – declara que, para que os objetivos de qualidade ambiental e

desenvolvimento sustentável sejam alcançados, são necessárias mudanças nos atuais padrões de

consumo, priorizando o “uso ótimo de recursos” e com o mínimo de desperdício (AGENDA 21

GLOBAL, 1992, p.03). Posteriormente, no ano de 2016, foi realizado em Quito, no Equador, a

Terceira Conferência das Nações Unidas sobre Moradia e Desenvolvimento Urbano Sustentável, a

HABITAT III, onde as delegações presentes adotaram a Nova Agenda Urbana. Entre as principais

disposições deste documento, que orientará a urbanização sustentável para os próximos 20 anos,

estão a redução das emissões de carbono e a implementação de melhores inciativas verdes. Este

documento é uma extensão da Agenda 2030, lançada em 2015 durante a Cúpula de

Desenvolvimento Sustentável, que reflete os novos desafios do desenvolvimento (NAÇÕES

UNIDAS NO BRASIL, 2016).

Dada a necessidade latente de se modificar o atual processo de construção e os materiais

utilizados, que causem menor impacto ao meio ambiente de uma maneira geral, torna-se pertinente

retomar aspectos construtivos do passado e da arquitetura vernacular, uma vez que ela tem muito

a colaborar para a promoção de um modo de construir mais consciente, pois esta inclui, de forma

intuitiva, conceitos bioclimáticos que possuem grande potencial de adaptação às edificações

contemporâneas.

2. OBJETIVO

Assim, o objetivo principal deste artigo é realizar a análise de dois tipos de técnicas construtivas

vernaculares utilizadas no Brasil em diferentes climas e em diferentes momentos históricos, e

apontar que, apesar de possuírem uma imagem popular estigmatizada, quando são bem