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empregadas elas podem trazer grandes vantagens para o usuário e para o meio ambiente. As
técnicas estudadas são a da construção em terra, muito comum no período do Brasil Colônia e que
ainda é utilizada em algumas regiões – principalmente nos estados do nordeste – e a construção
em madeira, popular entre os imigrantes europeus e seus descendentes na região sul do país.
3. MÉTODO DE PESQUISA
Quanto aos procedimentos metodológicos, vale mencionar que este artigo foi desenvolvido por meio
de uma revisão bibliográfica sobre a temática da arquitetura vernacular em livros de autores como
Costa (2006), Lemos (1979, 1986 e 1993) e Weimer (2012). Também utilizou-se como referência
dissertações e teses defendidas em conceituados programas de pós-graduação do país e artigos
publicados em periódicos qualificados da área da Arquitetura e Urbanismo e que tratam do tema,
além de pesquisa documental em Cartas Patrimoniais e demais documentos – como a Agenda 21
Global e a Agenda 2030 – para entender quais são as ações prioritárias a nível global em relação
ao meio ambiente e ao desenvolvimento sustentável. Foi realizada, também, uma pesquisa de
campo em uma casa de madeira típica da região de colonização italiana, onde foi feito um
walkthrough, com anotações, registro fotográfico e observações in loco sobre a implantação da
residência e os materiais utilizados no piso, no forro, nos fechamentos, na estrutura e nas
esquadrias, dentre outras informações.
4. RESULTADOS E DISCUSSÃO
4.1 Arquitetura vernácula: interação com o meio
De uma maneira geral, grande parte das habitações mundo afora não foi erigida por profissionais,
mas sim por pessoas comuns que adquiriram conhecimento por meio de um processo contínuo,
com sucessivas adaptações às necessidades sociais e ambientais; o que comumente se classifica
como moradia popular.
A arquitetura feita pelo povo evidencia as particularidades do local onde está inserida, mostrando a
habilidade dos populares em utilizar os recursos disponíveis necessários para a sua concepção.
Para Lúcio Costa “a arquitetura regional autêntica tem as suas raízes na terra; é produto espontâneo
das necessidades e conveniências da economia e do meio físico e social e se desenvolve, com
tecnologia a um tempo incipiente e apurada, à feição da índole e do engenho de cada povo;
(...)”(2006, 4. ed. p.11). A essa arquitetura popular, exercida sem conhecimento erudito, foi dado o
nome de vernacular ou vernácula. Em seu trabalho “História da Casa Brasileira”, Lemos (1989)
definiu a arquitetura vernácula como uma expressão cultural, que percorre gerações e que só pode
ser daquele povo e daquele sítio onde foi construída.
Tal arquitetura, adaptada às condições locais, deu aos edifícios uma identidade própria,
caracterizando a imagem arquitetônica de cada região. A Carta do Patrimônio Vernáculo
Construído, ratificada em 1999 no México, afirma que este patrimônio expressa a identidade de uma
comunidade, as relações desta com o território e a expressão da diversidade cultural do mundo
(CARTA DEL PATRIMONIO VERNÁCULO CONSTRUIDO, 1999). Isto mostra que, apesar de sua
simplicidade, a arquitetura vernacular e popular tem um grande valor patrimonial, já que, além de
carregar um importante conhecimento sobre estratégias bioclimáticas, também expressa a imagem
e a identidade de uma região.
O Brasil, sendo um país com grande complexidade cultural e extensas dimensões, dispõe de
exemplares variados dessa arquitetura, cada qual carregando as singularidades e sutilezas de sua