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Figura 3.

Moradia em madeira do começo do séc. XX

Fonte: Acervo pessoal (2016).

Ainda assim, com todos os benefícios do uso da madeira, essas edificações foram sendo

substituídas por construções em alvenaria, pois também carregavam os estigmas da cultura italiana

no Brasil, relacionados às restrições políticas sofridas e à pobreza dos primeiros anos no novo país

(ZANINI, 2004). As campanhas nacionalizadoras do Estado Novo (1937-1945) já haviam coibido as

manifestações de culturas estrangeiras no Brasil, mas foi durante a Segunda Guerra Mundial, com

as posições políticas adotadas pelo governo brasileiro contra o Eixo – formado pela Itália, Alemanha

e Japão – que os imigrantes italianos e seus descendentes passaram a sofrer recorrentes

perseguições e humilhações públicas

(

ZANINI, 2004). Além disso, as edificações em madeira ainda

são associadas por alguns descententes ao passado de pobreza e privações vivenciado por eles e

pelas gerações anteriores. Esses estigmas fizeram com que, por várias gerações, os costumes e a

memória dos colonizadores fossem reprimidos.

Tais preconceitos devem ser desmistificados, pois, além dessas construções resultarem da

adaptação do conhecimento e da criatividade dos imigrantes italianos, elas materializam a história

e a memória desse povo, fazendo parte da formação da identidade das comunidades onde estão

inseridas.

5. CONCLUSÃO

A Agenda 21 registrou, ainda em 1992, a grande capacidade destrutiva do meio ambiente que a

indústria da construção civil possui e fez recomendações que, se forem seguidas, podem ajudar a

reverter esse cenário. Entre as recomendações está a promoção de técnicas tradicionais, com

recursos naturais, próprias da arquitetura popular, reafirmados, mais recentemente, pela Agenda

2030. Esta temática já vinha sendo colocada pelo corpo técnico e letrado envolto com as questões

da construção civil desde a década de 1930, rendendo diversos movimentos em prol da utilização

da arquitetura vernácula, seus materiais e soluções construtivas (movimento de identidade nacional

– Lúcio Costa; Movimento Tropicalista – Gilberto Freire; etc.). A questão foi retomada em 1960, no

contexto de crise do movimento moderno e revalorização de aspectos culturais e arquitetônicos

típicos do nosso país, encabeçada por figuras como Lina Bo Bardi e Mário de Andrade.

Esta arquitetura vernacular, resultado de um processo contínuo de observação e de tentativas de

adequação ao meio, traz consigo um conhecimento oriundo de sucessivas gerações. De modo

geral, a arquitetura e as soluções dadas pela população às suas construções sofreram processos

discriminatórios e excludentes ao longo de toda a história em nosso país. O estudo desenvolvido

neste trabalho mostra que, apesar dos benefícios apresentados por técnicas como a taipa de mão