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e a madeira – esta última com seu bom desempenho observado durante a realização do
walktrouth
–,
o preconceito existente ainda é um empecilho na propagação de seu uso.
Se tratando da taipa, alguns países como a Alemanha e a Austrália, nas últimas décadas,
começaram a encarar essa técnica como uma alternativa bastante credível à construção corrente,
desenvolvendo uma regulamentação específica para a construção em terra (TORGAL; EIRES;
JALALI, 2009). No que diz respeito ao Brasil, o futuro da técnica construtiva deve passar, além do
processo de desmistificação, pelo reconhecimento institucional da importância desse tipo de
construção, traduzido em regulamentação própria, a exemplo dos países acima citados. Dessa
forma, com profissionais qualificados para a construção em terra e devido acompanhamento e
instrução das obras feitas em mutirão, os problemas higiênicos relacionados à técnica
provavelmente seriam evitados.
Por outro lado, o uso da madeira tem grande aceitação em vários países, especialmente nos
continentes europeu e americano. O preconceito encontrado no Brasil, seja relacionado à cultura,
como é o caso apresentado neste artigo, ou relacionado ao comportamento do material – devido a
falta de conhecimento e de técnica acerca das suas propriedades, que levam ao uso inadequado
deste –, impedem que essa técnica tenha um uso mais intensivo na construção civil brasileira.
Portanto, é fundamental um processo inverso para desmistificar o uso de materiais, programas e
tipologias dadas pela população aos mais diversos problemas construtivos e/ou habitacionais,
incorporando-os, inclusive, nas políticas e programas habitacionais em nosso país. Além disso,
estes possuem um grande potencial ecológico e sustentável, e podem ser aprimorados em direção
a uma nova forma de construir, aliando novas técnicas aos conhecimentos fundamentados no
passado.
7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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Dissertação (Mestrado em Arquitetura e Urbanismo), Universidade de São Paulo, São Carlos, 2007.
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outubro de 2016.
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dos escritórios e construtoras no Brasil e em Portugal. In: II CONGRESSO LUSO-BRASILEIRO DE
MATERIAIS DE CONSTRUÇÕES SUSTENTÁVEIS. 2016
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<http://www.mma.gov.br/estruturas/agenda21/_arquivos/cap04.pdf> Acesso em 07 de outubro de
2016.
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Madeira. Laboratório Nacional de Engenharia Civil. Lisboa, 2008.
KÖPPEN, W. Climatologia: com un estudio de los climas de la tierra. Fondo de Cultura Economica.
Mexico, 1948.