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Em relação à morfologia urbana analisada no quesito Cidade, verifica-se que o núcleo estudado

apresenta uma diversidade relativa, com habitações térreas ou edifícios com poucos pavimentos,

resulta em paisagem construída horizontal. Desta forma se incorpora, mas ao mesmo tempo

preenche a paisagem existente, de habitações e equipamentos térreos e espraiados. Por ser área

de expansão, com vazios urbanos, a morfologia adapta-se ao existente, ao mesmo tempo em que

qualifica.

A tipologia adotada de núcleos na forma de condomínios fechados com número de 23 e 24 unidades

unifamiliares ou 100 de unidades multifamiliares, embora segmente parcialmente o espaço urbano,

parece resultar em melhor manutenção predial e das áreas comuns. Os limites impostos pela

vizinhança, e a necessidade de respeito às normas condominiais cria responsabilidades mais

definidas em relação à parte da infraestrutura (vias internas, sistema de tratamento de esgoto, áreas

livres).

Como singularidade da proposta, além de infraestrutura mais completa em áreas abertas com

gramado, vegetação, áreas permeáveis e iluminação pública interna, cada condomínio dispõe de

espaços para estacionamento de automóvel próprio, uma nova realidade da população residente

ocasionada pelo momento econômico brasileiro e pela opção do veículo particular em detrimento

de melhor transporte público. Áreas comuns com espaços para lazer fechado e aberto são outro

diferencial, especialmente em um bairro onde inexistem equipamentos comunitários de lazer e

esportes.

Em relação às singularidades da proposta nos quesitos Tecnologia e Recursos, o sistema

construtivo racionalizado surge como inovação, pois reduz desperdício, acelera o prazo construtivo

e resulta em unidade habitacional com melhor qualidade construtiva. Utiliza aberturas com

vedações nos dormitórios, orientação solar permitindo iluminação e ventilação natural e materiais

com isolamento. As unidades para famílias de baixa renda, ao terem o dispositivo de aquecimento

solar para água, contribuem para a redução de gastos energéticos na demanda e no orçamento

das famílias.

Ressalte-se que embora entregue para a iniciativa privada, a construção do novo núcleo

habitacional teve o compromisso do poder público em realizar a pavimentação das vias, construção

de escolas e futura área de lazer. Isto demonstra que o fato de ser a área prevista em legislação

urbana municipal para a urbanização de novos bairros facilitou e agregou valor ao espaço urbano,

que dispõe assim de pavimentação das vias de pedestre, acessibilidade, a despeito da pouca

arborização urbana e nenhuma área verde. No entanto, o bairro em si carece de estabelecimentos

de comércio de abastecimento comercial e de serviços diários, assim como não dispõe de espaços

de trabalho no bairro. Outra grande carência na questão social são os espaços para juventude.

Concluindo, a questão habitar para o presente e a criação de novas paisagens, no caso em estudo,

e na maior parte das cidades brasileiras, demandam uma construção participativa. Combinar os

interesses privados na apropriação do capital financeiro imobiliário com o atendimento à demanda

de habitação social, mesmo sendo contraditório, pode ser viabilizado. Mas requer diretrizes de

considerar realmente que o projeto urbano equilibrado é de responsabilidade tanto do poder público

quanto do empreendedor privado. E deveria ainda contar com a participação mais efetiva dos

moradores no estabelecimento das prioridades para a integração e inclusão urbanas.