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Além disso, as práticas do manejo florestal visam não somente o aspecto ambiental, como também

abrangem questões sociais e econômicas. De acordo com o FSC (Forest Stewardship Council),

maior empresa certificadora de produtos florestais do mundo, a questão sócio-cultural deve ser

abordada no âmbito dos trabalhadores e das comunidades vizinhas à área a ser manejada. É

exigido que sejam respeitados os direitos trabalhistas, além de garantidas as condições de

segurança e saúde no trabalho. Quanto às comunidades vizinhas, é estabelecido que estas sejam

consultadas na tomada de decisões que impactam a região, de modo a permitir sua permanência

no local e possibilitar a geração de empregos e renda. Em relação ao aspecto econômico, o manejo

prevê que, apesar da necessidade do cumprimento de uma série de critérios para a obtenção da

certificação, é possível que o empreendimento seja economicamente viável através de

planejamento, de modo a elevar a eficiência e a produtividade de todo o processo.

A certificação de produtos florestais se destaca no país em relação à legalização da madeira, feita

através do DOF (Documento de Origem Florestal), pois esta exige apenas o cumprimento de

requisitos de legislação estabelecido por órgãos ambientais federais ou estaduais, que se limitam

basicamente à natureza da área explorada, sem levar em consideração o processo de exploração.

A certificação, por sua vez, garante além do cumprimento das questões legais, a prática do manejo

florestal sustentável, através de critérios estabelecidos e reconhecidos internacionalmente.

No Brasil, além da certificação FSC que atua oficialmente desde 2001 há também o sistema de

certificação Cerflor (Programa Brasileiro de Certificação Florestal) reconhecido pelo PEFC (Program

for the Endorsement of Forest Certification), outro programa internacional de certificação florestal.

A Cerflor foi lançada em 2002 pelo governo brasileiro e têm como órgão executivo o Inmetro

(Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial). No Brasil a certificação FSC

possui uma área certificada de 6.153.592 de hectares (FSC, 2016), enquanto a Cerflor 2.897.372

de hectares (INMETRO, 2016). A extensão de áreas certificadas vem crescendo continuamente

pelo território brasileiro, embora ainda represente uma percentagem muito pequena quando

comparada à área total de florestas, estimada em 463 milhões de hectares (MMA, 2013).

Consequentemente, apenas uma quantidade pouco expressiva da madeira extraída no país recebe

alguma certificação.

4.2 Certificações ambientais de edificações e a madeira

Há cerca de três décadas grande parte da Europa, Estados Unidos, Canadá e países asiáticos vêm

investindo em ações de legislação sustentável baseadas em indicadores de desempenho para

expressar impacto ambiental e consumo de energia (PICCOLI; KERN e GONZÁLEZ, 2008). A

certificação ambiental é um processo onde se organizam preocupações, requisitos, categorias ou

critérios que devem ser seguidos de modo a avaliar empreendimentos nas suas diversas fases

(projeto, construção, operação, reforma, desconstrução) quanto ao seu desempenho com relação

ao ambiente e à sustentabilidade locais (Conselho Brasileiro de Construção Sustentável – CBCS;

apud JÚNIOR, 2013). Para Maciel (2007), é ainda um instrumento econômico ou de mercado que

possibilita uma diferenciação por meio de um processo de conscientização; uma imagem favorável

ao ambiente e um diferencial competitivo no mercado, geralmente, para obter sobre-preços na

comercialização.

Bunz, Henze e Tiller (2006) assinalam que a sustentabilidade na construção civil inclui iniciativas

formais e informais provenientes de organizações, Estados e instituições privadas. As certificações

da construção civil se enquadram nessas ações formais, que englobam o uso de materiais

construtivos de baixo impacto ambiental, recursos e energia renováveis, fomentam boas escolhas

de projeto dentro de todo ciclo de vida e eficiência energética. Uma das primeiras formuladas foi o