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Devido a essas características o uso da madeira é indicado como um meio de contribuir para a

mitigação das mudanças climáticas (SATHRE; GUSTAVSSON, 2009).

Por outro lado, sua exploração no Brasil está altamente associada ao desmatamento,

principalmente da Floresta Amazônica. De acordo com Zenid (2009), estimativas indicam que entre

43 e 80% de toda a produção madeireira proveniente da região amazônica é de origem ilegal. Além

do negativo impacto no âmbito da diversidade de espécies de fauna e flora que compõem o bioma,

o desmatamento das florestas é a principal fonte de emissão de gases do efeito estufa no Brasil.

De acordo com dados levantados pelo SEEG (Sistema de Estimativas de Emissões de Gases de

Efeito Estufa), em 2015 as emissões de gases de efeito estufa provenientes da mudança de uso da

terra e floresta foram responsáveis por cerca de 45% das emissões totais brasileiras. Em 2004, ano

onde houve o maior registro de mudanças do uso do solo, o setor representou 78% do total das

emissões, sendo também o ano com a maior emissão de gases do efeito estufa já registrado,

conforme pode ser visto no Gráfico 1.

Essa dicotomia gera um conflito tanto aos projetistas do setor da construção, quanto aos

consumidores, em relação à natureza sustentável ou não da madeira. Essa lacuna levou ao

surgimento de iniciativas na forma de associações de incentivo ao uso da madeira legalizada e de

parâmetros descritos em certificações ambientais com o objetivo de esclarecer esta questão e

conferir credibilidade ao material. Elas fazem parte de um conjunto de ações que vêm de encontro

às necessidades de desenvolvimento sustentável nas diversas áreas, inclusive da construção civil.

Gráfico 1.

Emissão de gases de efeito estufa no Brasil de acordo com setor

Fonte: SEEG (2016)

2. OBJETIVO

O objetivo geral deste artigo é investigar a atuação das associações de empresas ligadas à cadeia

produtiva madeireira e certificações ambientais no incentivo ao uso da madeira na construção civil

como material sustentável e que contribui para a redução das emissões de gases de efeito estufa.

Este objetivo se desdobra em (i) identificar quem são os agentes que fomentam o uso sustentável

da madeira na construção civil; (ii) assinalar os critérios que as organizações e certificações (FSC,

Madeira é Legal, LEED, AQUA-HQE, Selo Casa Azul e Referencial Casa GBC) utilizam para avaliar

a legalidade da madeira utilizada na construção civil e, ainda, (iii) identificar como se dão as

articulações entre as certificações de produtos madeireiros, selos ambientais de edificações e

associações de empresas voltadas para a cadeia produtiva da madeira.