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Referencial Casa, besides the analysis of the Programa Madeira é Legal and of the project "Espaço
Conceito GBC Casa", built in wood and presented at Expo Greenbuilding Brasil 2016. The results
obtained demonstrate the importance of these initiatives in the process of diffusion and consolidation
of wood as a sustainable constructive material, since they establish and supervise the fulfillment of
criteria of good practices on the entire production chain, giving credibility to the material.
Keywordds:
Wood; Sustainability; Green Labels; Construction.
1. INTRODUÇÃO
A relação entre o homem e o ambiente tem sido, ao longo dos anos, de exploração predatória dos
recursos naturais. Isso se ampliou com o intenso crescimento populacional a partir do século XX
aliado a um novo padrão de vida e consumo e vem-se despertando uma grande preocupação
quanto ao impacto causado por essa ação humana. Acselrad (2007), assinala como
sustentabilidade a categoria pela qual a sociedade atual tem problematizado e discutido desde as
questões éticas e políticas, até as condições materiais para reprodução social, acesso e distribuição
dos recursos ambientais. Para Vilella (2007), a noção de sustentabilidade é muitas vezes vinculada
apenas à questão ambiental, no entanto, ela vai além. O desenvolvimento sustentável, para ambos
os autores, implica o equilíbrio econômico, social, cultural e físico-ambiental; onde a especificidade
e particularidade de soluções para cada um desses quadros é importante.
O Ministério do Meio Ambiente do Brasil (MMA) configura a construção sustentável como o
paradigma que busca minimizar os impactos ambientais da indústria da construção civil. Ele
assinala, baseado na Agenda 21 para a Construção Sustentável em Países em Desenvolvimento
(CIB e UNEP-IETC, 2002), que construir de forma sustentável implica manter a harmonia entre os
ambientes natural e construído, de forma a encorajar igualdade econômica e dignidade humana,
transcendendo a sustentabilidade ambiental. Yuba (2005) a vê como um ponto de equilíbrio atingido
após o caminho do desenvolvimento sustentável.
Nesse contexto, a escolha dos materiais de construção, considerando desde a extração das
matérias-primas até seu descarte, ou seja, seu ciclo de vida; se constitui como um ponto
fundamental em um processo construtivo inteiramente sustentável (BUENO, 2014). Para o MMA,
deve-se priorizar a utilização de materiais disponíveis na região, de baixo processamento,
recicláveis, atóxicos e culturalmente aceitos; evitando aqueles que possuam produtos químicos que
possam causar prejuízos à saúde dos usuários ou ao ambiente, tais como o CFC, HCFC, amianto,
PVC, formaldeído e madeira tratada com CCA, atentando, inclusive, ao descarte de cada elemento
no final de sua utilização.
A madeira, embora ainda pouco explorada como material construtivo pelo setor da construção civil
brasileira, se insere neste cenário da sustentabilidade como um material de grande valor. Devido à
natureza de sua fonte de extração, as florestas, que possuem a capacidade de se regenerar natural
e indefinidamente quando oferecidas as condições necessárias, ela se constitui como o único
material construtivo 100% renovável. Além disso, atua como estoque de carbono, uma vez que,
durante o processo de fotossíntese as plantas absorvem o CO2 atmosférico e liberam O2. O
carbono absorvido é então incorporado à sua estrutura celular, onde permanece mesmo após a
derrubada da árvore, retornando à atmosfera somente após a decomposição ou queima do material.
Considerando todo o ciclo de vida, a madeira consome pequena quantidade de energia (60 a 80%
menos que o concreto armado) e produz baixas quantidades de CO2 quando comparada aos
materiais mais usados na construção como o concreto e o aço como indicam as pesquisas de
Börjesson e Gustavsson, (2000) e Guerilla, Teknomo e Hokao (2007). É também facilmente
reciclável e ainda pode ser utilizada para a geração de energia através da queima da biomassa.