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1. INTRODUÇÃO

Um dos problemas atuais da metodologia de ACV é a utilização de dados genéricos para

descrever cadeias produtivas. No caso da energia, é prática usual a utilização de apenas um fator

de consumo energético obtido em base de dados comerciais como o

Ecoinvent

,

Simapro

, etc para

descrever rotas tecnológicas. Os estudos de (MAIA DE SOUZA et al., 2016) e (SOUZA et al.,

2015) são exemplos da utilização de valores únicos de Inventário de Ciclo de Vida (ICV) para

descrever cadeias industriais, e não levam em consideração a eventual variabilidade no consumo

energético da indústria cimenteira. Tal variabilidade influência nos resultados finais da ACV que,

no caso do consumo de energia térmica e elétrica, influência no consumo de combustíveis e

emissões de dióxido de carbono (CO

2

).

Assim, a realização de uma ACV deve privilegiar o uso de dados primários de abrangência

individual e não generalizar resultados únicos (exceto se for expresso em faixas) para uma cadeia

produtiva, ou seja, o alcance dos dados unitários deve ser ao nível da empresa. O Conselho

Brasileiro de Construção Sustentável (CBCS), através do ACV Modular, já vem promovendo esta

estratégia. Porém, para facilitar a sua implantação ao nível das empresas, propõem uma redução

no escopo permitindo que se obtenham resultados de forma mais simples, facilitando a sua

implantação na indústria.

No Brasil apenas dois estudos foram publicados avaliando a influência da fonte de dados para as

emissões de CO2: para blocos de concreto (OLIVEIRA et al., 2016) e para a produção de cimento

brasileiro (ABRÃO et al., 2016). Os resultados obtidos nesses estudos evidenciam uma grande

dispersão nos resultados em função da fonte de dados escolhida, mesmo entre dados primários.

Constatou-se que nenhum estudo foi publicado avaliando a influência da fonte de dados no

consumo energético e constituição da matriz energética da indústria cimenteira.

2. OBJETIVO

O objetivo deste artigo é analisar a influência de diversas fontes de dados no consumo e matriz

energética utilizadas para no desenvolvimento de inventário de ciclo de vida dos principais tipos

de cimento comercializados no Brasil.

3. MÉTODO DE PESQUISA

Este trabalho foi desenvolvido em duas etapas distintas: i) levantamento do consumo energético

térmico e elétrico na produção dos principais cimentos comercializados no Brasil; ii) levantamento

da matriz energética da indústria cimenteira apresentada por diversas fontes de dados.

3.1 Consumo energético: térmico e elétrico

Nesta etapa do estudo foi realizado uma investigação em diversas fontes de dados utilizadas no

desenvolvimento de inventários de ciclo de vida. São elas: relatórios de empresas do setor,

empresas que juntas correspondem a mais de 75% da produção nacional de cimento, o relatório

do Balanço Energético Nacional (BENa) (Brasil, 2015), a base de dados “

Getting the Number

Rights”

(GNR) e processos da base de dados

Ecoinvent v3.2

.

A Tabela 1 discrimina além do nome da fonte de dado analisada, o ano, cobertura geográfica e

detalha quais informações foram encontradas em cada uma das fontes: consumo energético

térmico e elétrico, classificação dos combustíveis utilizados, matriz energética e teor de clínquer