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Sposto; Paulsen (2014) analisaram dados de energia incorporada no ciclo de vida de uma
Habitação de Interesse Social do Programa Minha Casa Minha Vida. Esse estudo analisou a
primeira fase do Ciclo de Vida, a fase de pré-uso. Essa fase engloba todos os impactos até o
estágio de execução final da obra, isto é, quando a edificação é concluída e entregue para ser
utilizada. O prédio pesquisado é uma edificação unifamiliar, com área total construída de 48m².
Essa edificação tem paredes de blocos cerâmicos com função estrutural. Em seus pilares e vigas
foi utilizado concreto. Nessa analise não foram incluídas as fundações e instalações, tanto
elétricas quanto hidráulicas, resultando em uma energia incorporada de 3,15 GJ/m
2
.
Em termos de edificações verticais, também existem alguns estudos. Venkatarama-Reddy e
Jagadish (2003) encontraram 4,21 GJ/m
2
para edificações com estrutura de concreto e alvenaria
de blocos cerâmicos. Tavares (2006) analisou duas edificações multifamiliares de baixa renda.
Uma tem área total construída de 1.240 m², com estrutura de concreto armado e paredes internas
e externas com blocos de concreto, atingindo EI de 4,04 GJ/m
2
. Outro caso é de uma edificação
multifamiliar de média renda, com área construída de 4.340 m², estrutura de concreto armado e
paredes construídas com blocos cerâmicos de 8 furos. Essa edificação apresentou EI de 4,83
GJ/m
2
.
Verifica-se que a EI encontrada em estudos sobre residências unifamiliares no Brasil é maior,
representando o dobro de estudos realizados em outros países. Entretanto, em relação aos
edifícios, os valores são similares, variando de 4,0 a 4,8 GJ/m
2
. Parte das diferenças
provavelmente é ocasionada por diferença de critérios e das energias incorporadas de cada local.
Entretanto, há razoável similaridade entre as medidas.
Em relação à mão de obra, Guerrero; Meléndez (2015) seguiram a metodologia proposta por
Solís-Gusmán; Marrero; Ramírez (2013), que avaliou a pegada ecológica da construção e propôs
medidas para calcular a energia incorporada na alimentação dos trabalhadores, apontando 50,81
MJ por hora trabalhada. Guerrero; Meléndez (2015) examinaram o total de horas de trabalho
através de orçamento discriminado e incluiu o transporte dos trabalhadores até a obra,
considerando o deslocamento por carro para quatro trabalhadores por viagem com um trajeto de
30 km. Desta forma, o transporte acrescentou 0,10 MJ/h. Ao final, a energia calculada por
Guerrero; Meléndez (2015) atingiu 50,91 MJ/h.
2. OBJETIVO
O objetivo do trabalho é calcular e analisar a energia incorporada em edificações verticais,
examinando a energia em materiais, mão de obra e transportes. Destaca-se que este trabalho
inclui instalações hidrossanitárias e elétricas, bem como mão de obra, elementos que raramente
são encontrados na literatura.
3. METODOLOGIA
O trabalho é baseado em estudos de caso, tendo sido escolhidos dois projetos de edifícios
residenciais típicos. As edificações foram construídas em São Leopoldo, cidade distante 35 km de
Porto Alegre, no sul do Brasil. O sistema construtivo de ambos é composto de concreto armado
para a estrutura do edifício (pilares, vigas e lajes). As paredes foram construídas de blocos
cerâmicos. Os demais elementos construtivos são similares.
O edifício A é uma construção com acabamentos de médio-alto padrão. A edificação é formada
por pavimento térreo, estacionamento para veículos, 14 pavimentos-tipo (2º ao 15º pavimento), e