42
1. INTRODUÇÃO
A construção civil brasileira necessita avanços em termos de reduzir o consumo de energia e os
impactos ambientais vinculados ao setor. São atividades do setor todas aquelas relacionadas às
edificações, incluindo extração de matérias primas, fabricação de materiais de construção,
realização da obra, manutenção e consumo de materiais bem como o consumo de energia ao
longo de sua vida útil e para demolição. Alguns dos setores industriais que mais consomem
energia no Brasil são relacionados com a produção de cimento, cerâmica, metais não ferrosos,
aço, produtos químicos e mineração, relacionados em algum grau com a indústria da construção.
Estes setores, associados, utilizam 75% da energia proveniente de fontes não renováveis
(TAVARES,2006).
Uma quantidade significativa de energia é consumida na produção, transporte e aplicação de
materiais de construção. Assim, a escolha de materiais e componentes de menor impacto pode
ser feita com base na análise da energia utilizada para a produção. Seguindo este raciocínio, os
melhores materiais podem ser considerados como sendo os que consomem menos energia em
seus processos de produção e aplicação na construção (GUERRERO; MELÉNDEZ, 2015).
1.1 Energia incorporada no setor da construção civil
Alguns estudos indicam que a energia consumida em uma edificação residencial, ao longo de 50
anos, é aproximadamente quatro vezes a energia incorporada em sua estrutura (PULLEN, 2000).
Todos os materiais têm algum impacto ambiental e ainda não há métodos para avaliar com
precisão o impacto total de um edifício. Mesmo a análise dos materiais, considerados
individualmente, é complexa. Para esses autores, a energia incorporada é uma das medidas mais
importantes para avaliar o impacto ambiental. No caso de países desenvolvidos, isso ocorre por
causa do uso de energia não-renovável, que é uma das responsáveis pela liberação de CO
2
e de
outras emissões (ROAF; FUENTES; THOMAS
,
2014). No Brasil, há outras variáveis a serem
consideradas. As distâncias de transporte são maiores e geralmente ocorre por modais
rodoviários. Por outro lado, grande parte da energia consumida no país é gerada em
hidroelétricas, as quais tem impacto ambiental menor do que a energia proveniente de
combustíveis fósseis.
A energia incorporada pode ser definida como a quantidade de energia consumida para a
produção de um produto, material ou construção, e podem ser incluídos os passos de extração da
matéria-prima, e o transporte para a distribuição do produto no mercado (GAUZIN-MULLER,
2002). Segundo González et al. (2014), a energia consumida no ambiente construído pode ser
dividida em duas categorias:
•
A energia inicial consumida na produção do edifício, incluindo a energia necessária para a
produção e transporte de materiais, a montagem ou a aplicação no trabalho;
•
A energia necessária para a operação e manutenção do edifício ao longo do ciclo de vida e
para a demolição e remoção de resíduos, ao final.
Devem ser estudadas as duas parcelas, e as definições de projeto na escolha de materiais de
impacto sobre ambas. Em conformidade com este aspecto, considera-se a energia utilizada na
produção dos materiais de construção e também a utilizada na edificação e manutenção do
prédio, para se desconstruir, ou reciclar, os próprios materiais (TAVARES, 2006).
A energia incorporada inicial representa a energia consumida na aquisição de matérias-primas,
processamento, fabricação, transporte e a própria construção. Esta energia tem dois
componentes, diretos e indiretos. O primeiro refere-se à energia utilizada para o transportar os