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insumos até a obra e, em seguida, a construção do edifício. A segunda refere-se à energia
utilizada para obter, processar e fabricar os insumos da construção, ademais, também se inclui os
transportes relacionados a estas atividades (ARAOS, 2010; TAVARES, 2006).
A energia incorporada recorrente, que representa a energia não renovável consumida para
manter, reparar, restaurar, restaurar ou substituir equipamentos, componentes ou sistemas
durante a vida útil do edifício. Chegando ao término do edifício, há demolição, restauração e
reciclagem ou eliminação adequada dos materiais envolvidos, também com consumo de energia
(ARAOS, 2010).
1.2 Energia incorporada nos materiais
A análise do ciclo de vida (ACV) é muito ampla, se considerada em todos os aspectos e
possibilidades. Um estudo pode se referir à energia incorporada de uma janela, de um tijolo, ou
até mesmo de toda a edificação. Desta forma, geralmente há uma delimitação dos elementos que
devem ser incluídos. Como se torna muito ampla a avaliação do total de energia incorporada, e
devido à falta de bases de dados necessários para uma análise completa, alguns itens não são
abrangidos, tais como a energia para a produção de ferramentas, produção da própria energia
(diesel e eletricidade), para movimentação de insumos através de guindastes e elevadores, entre
outros (GONZÁLEZ et al., 2014). A Tabela 1 informa os valores de Energia Incorporada para
alguns materiais.
Alguns materiais utilizados, tais como cimento e aço, são produzidos em outros locais e
transportados para o canteiro de obras. Em função das grandes distâncias e do uso de via
rodoviária, aspectos comuns no Brasil, a energia de transporte torna-se relevante (GONZÁLEZ et
al., 2014).
No caso em estudo, o aço considerado provém da siderúrgica local, que atua com expressiva
parcela de reciclagem (aproximadamente 70%), atingindo EI de 130.250 GJ/m
3
. Em outros locais,
a energia incorporada no aço pode ser bastante superior (na literatura citada, encontra-se 235.500
GJ/m
3
). Da mesma forma, cimento e concreto produzidos na região beneficiam-se do uso de cinza
de carvão, formando cimento pozolânico, que também apresenta EI menor do que os cimentos
produzidos em outros locais (GONZALEZ et al., 2014).
Alguns autores, tais como Asif; Muneer; Kelley (2007), Chel e Tiwari (2009), Gao et al. (2001),
Thormark (2002), e Venkatarama-Reddy e Jagadish (2003) estudaram a EI em edificações
unifamiliares, encontrando valores entre 1,6 GJ/m
2
e 2,8 GJ/m
2
.
No Brasil, Tavares (2006) analisou alguns casos que simulam as principais características físicas
e ocupacionais das edificações residenciais brasileiras considerando um ciclo de vida de 50 anos,
para a determinação do consumo energético dos eventos significativos. Considerou os fatores de
energia incorporada nos materiais de construção, o custo energético dos transportes, o
desperdício da aplicação dos materiais na obra, os fatores de reposição dos materiais ao longo do
ciclo de vida e os respectivos transportes. O primeiro caso examinado por esse autor é uma
edificação unifamiliar de baixa renda. A área construída é de 63 m², com estrutura de concreto
armado e paredes de blocos cerâmicos de 8 furos. Esse caso apresentou uma EI de 4,63 GJ/m
2
.