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Por outro lado, não se observou significativo atraso entre os picos de temperatura externos e

internos. Assim, elabora-se a hipótese de que a tendência do edifício proporcionar condições de

temperatura amena em seus ambientes internos em relação às condições externas, seja devida a

uma alta inercia térmica da edificação, provocada pela massa térmica de suas paredes

;

porém,

devido ao efeito da ventilação natural, as condições climáticas externas acabam influenciando

as

condições internas, não ocorrendo atraso térmico relevante entre os picos de temperatura internos

e externos. O que reforça segundo COTTA (2015), que a massa das superfícies exposta ao

ambiente interno, combinada a ventilação natural e demais estratégias passivas, são eficazes na

redução do superaquecimento dos ambientes, e que o uso de componentes massivos que

agregam massa térmica ao ambiente interno é uma estratégia bastante comum em edifícios

projetados para a ventilação natural (GONÇALVES 2015).

Como seguimento a esta primeira etapa, optou-se pelo estudo do desempenho e conforto térmico

do saguão através de simulação computacional termodinâmica com o propósito de melhor

compreender quais os fatores que mais influenciam o seu desempenho térmico.

4. ETAPA 2: SIMULAÇÃO COMPUTACIONAL E AVALIAÇÃO DE CONFORTO TÉRMICO

A segunda etapa do trabalho compreendeu dois procedimentos analíticos, sendo eles: simulação

computacional e avaliação do conforto térmico utilizando o índice de conforto adaptativo da norma

ASHRAE:55 (2013).

O modelo computacional adotado foi o EDSL/Bentley TAS (

Thermal Analysis Software

) V8i,

software

de simulação de desempenho térmico de edifícios disponível na FAUUSP para uso

acadêmico. O arquivo climático utilizado foi obtido através da página eletrônica do Laboratório de

Eficiência Energética em Edificações, LabEEE, da Universidade Federal de Santa Catarina,

UFSC

18

, ano base de 1984, elaborado a partir de dados medidos na estação meteorológica do

aeroporto de Congonhas, em São Paulo

19

.

Tendo em vista a implantação da Vila Penteado em ambiente urbano adensado onde a velocidade

e a direção dos ventos tornam-se incertas, o arquivo climático original foi modificado, sendo que

todos os dados de ventos foram zerados.

Deste modo, a ventilação passa a ocorrer apenas por diferença de pressão do ar (efeito chaminé),

sem intervenção do efeito dos ventos, configurando assim a situação mais crítica com relação à

capacidade de renovações do ar do ambiente.

Para a simulação computacional do objeto de estudo, foi elaborado um modelo simplificado do

edifício. Como o estudo focou no saguão e seus ambientes adjacentes (acessos frontal e posterior

do edifício e mezaninos sobre os acessos), o modelo contemplou aberturas (janelas e portas

existentes, medidas

in loco

) e zonas térmicas apenas nestes locais. Dado que o ambiente

estudado é caracterizado como um local de passagem, sua ocupação é muito baixa, assim, a

carga térmica proveniente desta fonte foi considerada desprezível na realização deste trabalho,

atribuindo-se valor igual à zero para esse dado de entrada.

A partir do modelo elaborado foi realizada uma série de simulações, com objetivo inicial de

quantificar de que maneira a variação da ventilação natural altera o comportamento térmico do

18

Disponível em

<http://www.labeee.ufsc.br/downloads/arquivos-climaticos/formato-try-swera-csv-bin

>. Acesso em janeiro/2014.

19

O arquivo climático é parte do projeto

Solar and Wind Energy Resource Assessment

(SWERA) que, juntamente com o INPE e o

LABSOLAR/UFSC, disponibilizou arquivos climáticos TMY para 20 cidades brasileiras. TMY (

Test Meteorological Year

)

é uma

compilação de meses sem extremos de temperatura, provenientes de diferentes anos, gerando um ano climático que nunca existiu,

mas que apresenta temperaturas sem extremos para cada mês (LABEEE, 2005).