Table of Contents Table of Contents
Previous Page  200 / 2158 Next Page
Information
Show Menu
Previous Page 200 / 2158 Next Page
Page Background

200

1. INTRODUÇÃO

Durante o ciclo de vida de uma edificação, a produção e transporte de materiais, construção, uso

e operação e demolição geram quantidades consideráveis de cargas ambientais e consomem de

energia e outros recursos. Para reduzir o consumo de recursos, a indústria da construção civil

vem buscando soluções para a produção edificações mais eficientes e de menor impacto

ambiental.

Pesquisas vêm demonstrando uma complexa e entrelaçada relação entre o ambiente construído e

as alterações climáticas (STERN, 2006), visto que as construções são fontes significantes de

emissões de GHGs

8

(

greenhouse gases

) (ROBERT; KUMMERT, 2012; WONG; ZHOU, 2015) e

um dos maiores consumidores de energia comercial (SPENCE; MULLIGAN, 1995;). Ao mesmo

tempo, o setor pode promover grandes economias e mitigações das mudanças climáticas no curto

e médio prazo (ÜRGE-VORSATZ et al., 2011; ABANDA; TAH; KEIVANI, 2013), principalmente a

partir do uso de tecnologias e ferramentas que aumentam o desempenho sustentável de um

edifício, como a Análise do Ciclo de Vida (ACV) e o Building Information Modeling (BIM).

Baseada em modelos computacionais e bases de dados, a Análise do Ciclo de Vida (ACV),

desenvolvida pela

Society of Environmental Toxicology and Chemistry

(SETAC) é uma

metodologia holística de análise de impactos de um produto, que permite avaliar a carga

ambiental de processos e produtos durante seu ciclo de vida (IEA, 2006; AIA, 2010;

SONNEMANN et al., 2014), pode ser aplicada tanto aos materiais ou produtos do edifício, quanto

para uma edificação por completo.

A análise de impactos de uma edificação é divida em três estágios: fase incorporada; fase

operacional, e fase do fim da vida (CROWTHER, 1999; DING, 2004). Seguindo essa divisão, as

emissões de carbono podem ser caracterizadas como: carbono incorporado (CI), que são

emissões relacionadas às matérias-primas, produção de materiais, transporte e construção;

carbono operacional relacionado às emissões durante o uso e demolição; e o carbono referente à

demolição, disposição de resíduos e processos de reciclagem. O carbono incorporado representa

10-20% das emissões totais em uma edificação (PENG; WU, 2015; PENG, 2016). Quanto ao

indicador de energia, para o ciclo de vida de uma edificação inclui-se: energia incorporada (EI), na

qual está incluída a energia consumida em pelos materiais do edifício durante o processo de

fabricação, construção; e demolição e disposição final; e energia operacional (EO), gasta durante

a operação e manutenção do ambiente construído (CROWTHER, 1999; DING, 2004; DIXIT et al.,

2010). Já para Cole, Kernan (1996), Huberman, Pearlmutter (2008), Eleftheriadis; Mumovic;

Greening (2016), existem três estágios do ciclo de vida: pré-uso (energia incorporada); uso

(energia operacional) e pós-uso. Segundo os autores, a fase pré-operacional correspondente à

10-20% da energia consumida durante o ciclo de vida.

Como grande parte dos impactos decorrentes das edificações são determinados por decisões

tomadas nas fases iniciais de projeto (BASBAGILL et al., 2013), a tecnologia Building Information

Modeling (BIM) propicia novos meios para predição, gerenciamento e monitoramento de impactos

ambientais da construção, análise de performance e mensuração da sustentabilidade da

construção (AZHAR; BROW; SATTINENI, 2010) através de uma tecnologia de prototipagem e

visualização virtual (WONG; ZHOU, 2015). Embora esse modelo computacional possa ser

utilizado para demonstrar todo o ciclo de vida de um edifício (BAZJANAC, 2006), o BIM tem sido

mais utilizado nas fases iniciais, principalmente para documentação e compatibilização de projetos

(EADIE et al, 2013; VOLK; STENGEL; SCHULTMANN, 2014).

8

GHG refere-se a gases que contribuem para o efeito estufa, sendo formados principalmente por CO

2

(dióxido de

carbono), que corresponde a cerca de 75% das emissões, N

2

O (oxido nitroso) e CH

4

(metano) e outros gases como CFs

e HFCs (AZEVEDO, 2013).