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1998

The surroundings are insecure, inhospitable places, discouraging the walk and the permanence of

people. This research proposes the development of small design essays presenting a proposal of

transformation of reality established in the municipality. It presents strategies of transformation that

can be encouraged by the municipal legislation and executed by the condominiums themselves. The

proposals was guided by the establishment of six principles for a better relation between the limits

of house developments and the urban space: accessibility, shading, furniture, visibility, permanence

and multifunctionality. The essays propose small interventions through the application of these

principles in proposals of changes in the limits established by the multifamily residential projects.

Through the proposals, it is sought to reflect on the relationship between the architectural form and

urban vitality and to encourage processes of transformation of reality from actions that rescue the

interest of the pedestrian to circulate and remain in the public space.

Keywords:

Urban vitality, Urban form, Minha Casa Minha Vida, Urban Micro-planning

1. INTRODUÇÃO

A qualidade do espaço urbano depende de fatores inter-relacionados cujo desempenho deve ser

analisado de forma sistêmica: forma urbana, mobilidade, acessibilidade, uso de solo, entre outros.

No que concerne ao estudo da forma urbana o escopo é abrangente: dimensão e traçado das ruas,

desenho e a dimensão de lotes e quadras, limites estabelecidos entre edifícios e calçada, densidade

urbana, forma da massa edificada, paisagem. No cerne deste escopo, um recente interesse se

destaca na investigação sobre os efeitos sociais da morfologia arquitetônica e sua contribuição

sobre a vitalidade urbana (AGUIAR, 2010; NETTO et al, 2012; HOLANDA et al, 2012; GHEL, 2013).

Tais investigações partem do pressuposto de que há uma relação indissociável entre espaço e

sociedade e embasa-se na crítica de Jacobs (2000) sobre a perda de vitalidade dos espaços

urbanos da cidade moderna.

Na composição da forma urbana o edifício possui um papel protagonista. A inserção urbana do

edifício, a forma da massa edificada, o arranjo programático, a implantação, o tratamento dos

limites, a permeabilidade espacial, são elementos essenciais na caracterização e qualificação do

espaço urbano. Esses fatores em conjunto influenciam a dinâmica do espaço urbano e

consequentemente sua qualidade. Gehl (2013) defende a cidade como um lugar de encontro e

adverte para a necessidade de se criar oportunidades para que se estabeleça a “vida entre os

edifícios”. Para tanto é necessária maior preocupação com o pedestre e com as oportunidades

criadas para caminhar, permanecer e incentivar o convívio social.

Verifica-se nas últimas décadas uma forte tendência no mercado imobiliário brasileiro na produção

de empreendimentos voltados para a habitação coletiva que ofertam tipologias configuradas como

enclaves fortificados. Sobressaem-se pela presença de obstruções físicas bem delineadas, que

reforçam o discurso da segurança e delimitam uma fronteira abrupta dos demais espaços públicos

urbanos. Os enclaves são manifestados, inclusive, em empreendimentos provenientes de

cooperativas habitacionais e nos empreendimentos cujas unidades recebem subsídios de

financiamento do programa Minha Casa Minha Vida (MCMV). Nos empreendimentos MCMV é

fundamental para o mercado imobiliário o quesito localização periférica para viabilizar a produção

residencial em massa, uma vez que a redução de custos está diretamente associada à

espacialização urbana das unidades longe dos centros urbanos. O poder de decisão sobre a

localização, tipologia e escala dos empreendimentos foi direcionado exclusivamente ao mercado

imobiliário. Para tanto o critério está pautado na rentabilidade e os efeitos “colaterais” são comuns

em todo o Brasil (ROLNIK, 2015): inserção urbana periférica, lotes de grandes dimensões,

predomínio da monofuncionalidade, repetição e monotonia arquitetônica, presença de grandes