Table of Contents Table of Contents
Previous Page  1958 / 2158 Next Page
Information
Show Menu
Previous Page 1958 / 2158 Next Page
Page Background

1958

que quer proteger, valorizar e eliminar (LOWENTHAL, 1998). Segundo Lynch (1972, p. 103), “ O

mundo experimenta uma reciclagem contínua”. A cidade evolui, necessitando adaptar-se aos novos

paradigmas. Assim, prever a continuidade do patrimônio cultural arquitetônico na história das

próximas gerações não implica congelar a cidade no tempo, mas sim removê-la da estagnação.

Mais importante do que restrições impostas por leis de tombamentos, para Lowenthal (1998), é a

reutilização das permanências a partir de novos usos, o que garante sua preservação na estrutura

das cidades. Rossi (2001, p.57) defende que, independentemente ou não da conservação das

funções originais, a forma dos fatos urbanos é o que constrói a sua imagem frente à coletividade.

Nas palavras do autor, “Pensar um fato urbano qualquer como algo definido no tempo constitui uma

das mais graves abordagens que se pode fazer [...] ”.

Inserir o passado na contemporaneidade é também permitir conectá-lo ao tecido urbano do presente

e às suas novas necessidades. Esse pensamento deve ser entendido e aplicado não apenas às

edificações com caráter excepcional e de reconhecimento mundial, mas também aos testemunhos

menores, correspondentes à cultura de determinadas regiões ou lugares (LOWENTHAL, 1998).

Jacobs (2011) entende que a reunião de edificações de diferentes períodos em um mesmo espaço

urbano é um dos principais elementos para atrair vitalidade e diversidade na escala dos bairros.

Atuar no seu fortalecimento é uma maneira de não apenas apreciar o passado, como também

auxiliar na melhoria da qualidade da ambiência urbana, valorizando as particularidades de cada

lugar.

1.2 URBANISMO SUSTENTÁVEL E CERTIFICAÇÕES

O conceito do urbanismo sustentável desponta como uma alternativa para a crise urbana a partir

de um planejamento urbano vinculado à escala das cidades. Ao observar o meio urbano, é comum

identificar conflitos que ameaçam a sua vitalidade, bem como a qualidade de vida de seus

habitantes. Tornar os bairros mais saudáveis e coletivos, caminháveis, densos, integrando pessoas,

vegetação, transporte público e o patrimônio cultural são algumas das premissas essenciais de um

novo modelo de planejamento de vizinhanças (FARR, 2013).

Jacobs (2011), Farr (2013) e Gehl (2015) são alguns autores que defendem esse pensamento.

Afirmam a necessidade das cidades se tornarem mais humanas e vinculadas aos anseios das

pessoas. Para Farr (2013), as comunidades sustentáveis são aquelas que valorizam o pedestre,

procuram reduzir a segregação social e relacionam tipologias arquitetônicas diversas em um mesmo

entorno para atrair diversidade. Para ele, propiciar vivências urbanas em contato com a natureza,

seja pela arborização ou por meio de parques e praças, também faz parte da tentativa de aumentar

a sensação de bem-estar e de sintonizar os seres humanos e os demais seres vivos dentro da

cidade. Seguindo esta linha da percepção, Gehl (2015) defende intervenções urbanas a partir das

necessidades humanas, de modo a propiciar sensações positivas relacionadas principalmente à

segurança, bem como pela valorização de transportes alternativos como a bicicleta. Jacobs (2011)

ressalta os bairros densos e compactos, que possibilitam diferentes trajetos e uma variedade de

atividade e empreendimentos, decorrentes de edificações antigas integradas a outras mais

recentes.

Naturalmente, a aplicação dos princípios de um urbanismo sustentável despertou o interesse de

pesquisadores que objetivavam mensurar a qualidade ambiental de espaços urbanos. Várias

certificações ambientais despontaram em vários países, a fim de tentar quantificar, inicialmente, a

sustentabilidade das edificações isoladas para, em seguida, serem ampliadas a comunidades.

BREEAM, LEED, CASBEE, EarthCraft, Green Star e SBTool são algumas das ferramentas de

avaliação da sustentabilidade utilizadas internacionalmente (CASTANHEIRA, 2013). No Brasil, o

selo AQUA – HQE corresponde à certificação criada para desenvolver edifícios e bairros