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1957

1.1 SUSTENTABILIDADE E AS ÁREAS DE INTERESSE CULTURAL

Ao longo do tempo, a temática da sustentabilidade tem despontado como alternativa para o modelo

de desenvolvimento atual. As problemáticas sociais, ambientais e ecológicas, frente ao modelo

vigente de desenvolvimento econômico, alertaram representantes de vários países sobre os

impactos e desequilíbrios daí decorrentes (ROGERS; GUMUCHDJIAN, 2001). A partir da metade

do século XX, diversas publicações, debates e conferências mundiais se preocuparam em discutir

a preservação do meio-ambiente, o crescimento econômico e populacional e as desigualdades

sociais. Entrou em pauta o conceito de “sustentabilidade”, entendido pela associação entre as

questões de cunho ambiental, econômico e social, constituindo um tripé essencial à sobrevivência

das comunidades (SACHS, 2002). Todavia, posto que a construção do pensamento sustentável

está em constante evolução, recentemente alguns autores optaram pela expansão da conceituação,

a fim de incluir novas dimensões ao antigo tripé. Sachs (2002) entendeu a sustentabilidade como o

conjunto das dimensões social, econômica, ambiental, ecológica, territorial, cultural e de política

nacional e internacional.

A inserção da cultura enquanto componente do desenvolvimento sustentável faz um alerta para a

importância e a possibilidade de perdas irreversíveis do patrimônio cultural. De acordo com a

Declaração Universal sobre a Diversidade Cultural (2002), a UNESCO - Organização das Nações

Unidas para Desenvolvimento, Ciência e Cultura - passou a defender a relevância do patrimônio

cultural em cada comunidade, reafirmando que ele é constituído pelos bens culturais materiais e

imateriais, exemplares distintos de reconhecimento de cada sociedade, valores, crenças e vivências

passadas. A diversidade cultural, enquanto um conjunto de elementos originais que compõem a

identidade dos diferentes povos ao redor do mundo, é dinâmica e capaz de se transformar com o

passar do tempo, em contato com outras influências. Sua existência é indissociável da humanidade.

Trata-se de um direito humano universal que deve ser preservado para as futuras gerações

enquanto testemunho de cada momento da história.

Registros que justificam o momento presente, as áreas de interesse cultural são capazes de reportar

imagens únicas dos lugares urbanos, revelando suas particularidades e estabelecendo uma intensa

relação com a população, sendo associadas à qualidade de vida. Esse vínculo estabelecido entre

comunidade e patrimônio edificado é facilitado devido às permanências urbanas, que se destacam

na paisagem, facilitando a orientação, atributo que Kevin Lynch denominou de legibilidade (LYNCH,

2011). Do mesmo modo, a identidade de cada edificação, somada à fácil leitura e orientação

fortalece a imaginabilidade, isto é, a capacidade de um lugar produzir imagens fortes, que compõem

a memória coletiva, segundo Lynch (2011). A relação psicológica com o patrimônio arquitetônico

também pode ser explicada pelo apego ao passado enquanto meio de validação do momento

presente.

Futuro e passado são tempos pensados como inacessíveis aos seres humanos, todavia o ontem

carrega consigo uma quase certeza dos fatos, ao passo que o amanhã é ainda sinônimo de

incertezas. É essa desconfiança que estimula o apreço pelo nostálgico. Uma vez que o passado

pode ser reconhecido e visitado, consegue explicar determinados acontecimentos, além de

reconfortar as pessoas diante das variadas mudanças pelas quais a cidade contemporânea

atravessa (LOWENTHAL, 1998). Contudo, a nostalgia se opõe à vitalidade e à incessante

construção das cidades. Alimenta um desejo de imutabilidade, razão pela qual se deve combatê-la.

As referências urbanas que devem ser ressaltadas são aquelas que buscam participar da

construção do futuro e não as que se apegam ao passado como alegoria.

Entender o significado e a importância da cultura para cada sociedade e trabalhar essa dimensão

nas políticas de planejamento urbano sustentável requer sensibilidade e diálogo aberto com a

sociedade, visto que cada geração determina o legado a ser deixado para o futuro, escolhendo o