1949
Mais de 30% dos respondentes não tem interesse na quadra esportiva. Nenhum dos idosos a
utilizou e na justificativa pelo não uso, ao contrário dos jovens, não levaram em consideração fatores
físicos ambientais, suas respostas refletiam interesses e costumes. São centradas na pessoa (94%)
e no comportamento (6%), nos modos perceptivos operacional (88%) e inferencial (12%). Além
disso, idosos são o único grupo a não sentir que tem idade compatível com o uso.
5. CONCLUSÃO
A socialização aparece como o principal objetivo de jovens e idosos neste ambiente. Similitudes
perceptivas sobre o espaço podem indicar que ele seria importante para a coexistência dos grupos.
Entretanto, a baixa presença de idosos, sua preferência pelo deslocamento externo ao parque e a
ocupação massiva dos jovens dá indícios de uma identificação etária predominante. Outrossim, há
um certo nível de conflito etário entre jovens e idosos, resultando na interferência indireta de fluxos
internos, alterando a mobilidade espacial e estimulando a segregação etária. Idosos, ao contrário
dos jovens, demonstram pouca mobilidade entre áreas de atividades específicas e com maior
concentração de pessoas, diminuindo a possibilidade de encontros entre os dois grupos. Aspectos
psicológicos interferem mais em suas respostas, especialmente no modo impeditivo. São o único
grupo etário a mencionar comportamentos relacionados à idade como barreiras ao deslocamento.
A prática de skate e o uso de drogas aparecem como limitadores da caminhada dos mais velhos. A
literatura os associa ao vandalismo jovem, razão de insegurança de idosos (HOLLAND et al, 2007).
Idosos também são limitados pela própria idade ao optar por não usar a quadra esportiva. Dessa
forma infere-se que a delimitação de atividades por idade pode estar influenciando fatores
psicológicos responsáveis por escolhas espaciais na mobillidade. Há indícios que sustentam a
hipótese de que atividades predeterminadas não só podem intensificar o uso como inibir certos
usuários através da criação de barreiras psicológicas.
A diminuição das oportunidades de convivência intergeracional fortalecem estereótipos que levam
ao ageísmo. A simples atitude de evitar espaços por sua identidade etária pode privar os usuários
de encontros casuais diários e de um contato que favorece a sustentabilidade das comunidades.
Conhecendo as relações o ambiente e usuários, planejadores podem contribuir para melhorar a
qualidade de vida através de projetos que consideram suas preferências. A sustentabilidade das
comunidades não deve atentar só à redução de impactos e a racionalizar o uso de recursos naturais,
mas também promover desenvolvimento comunitário, senso de lugar, e mobilidade entre espaços
públicos urbanos. Isso implica em estimular sensações que motivem a satisfação dos moradores,
atendendo ao conforto ambiental e psicológico e favorecendo a acessibilidade.
Como limitação do estudo aponta-se a própria baixa frequência de uso do parque pelos idosos. A
pouca quantidade de adultos mais velhos observados torna necessário um aprofundamento. A
ampliação da amostra tornaria os resultados sobre sua dinâmica mais conclusivos.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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