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Este móvel assume múltiplas funções, desde banco para clientes até estante que suporta os
serviços do espaço comercial. Sua forma orgânica está relacionada à sua funcionalidade, possui
metamorfoses que ocorrem ao longo do seu comprimento, realizadas em acordo com altura
necessária, apresentando ritmo e espaçamento das placas de papelão ondulado dão forma,
resistência e melhor aproveitamento das chapas.
Nestas duas últimas décadas a aplicação do papelão ondulado como material de design tem sido mais
frequente nos países desenvolvidos com a produção de uma crescente gama de produtos que exploram as
características estruturais, estéticas e ambientais do papelão ondulado.
A característica de leveza associada à resistência do papelão são os principais atributos que promovem tal
emprego, no entanto, outros atributos, tais como, a facilidade de execução de encaixes e o potencial de
compacidade do produto final, serve como estímulo a tal produção.
6. LEVEZA: O PAPELÃO ONDULADO COMO MATERIAL LEVE PARA MÓVEIS
Conforme Maluf (2013) investigar a ideia de leveza no campo do design pode resultar em dois
aspectos: o qualitativo ‘leve’, que se aplica a aspectos físicos objetivos sobre a matéria, mas
também pode adquirir sentido subjetivo (algo simples), e essa dualidade vem ao encontro da própria
tensão que existe tradicionalmente no design entre sentidos subjetivos de coisas objetivas.
Por outro lado, Manzini (1993), ao referir-se em objeto leve, afirma que deve levar-se em conta uma
das categorias a qual deverá estar associada: falar do ‘objeto leve’, pressupõe categorias:
•
a dos objetos cuja leveza é um desempenho primário e em torno da qual se organiza uma
grande parte da sua produção;
•
a dos objetos que se tornam mais leves como efeito secundário das vantagens
econômicas proporcionadas por tecnologia mais evolutiva;
•
a dos objetos que se tornam de fato mais leves, embora não o mostrem, visto que existe
um código linguístico que exige uma imagem de peso.
Para este estudo a leveza é abordada do ponto de vista material, ou seja, dos aspectos físicos do
material como a densidade e a gravidade, considerando o papelão ondulado em relação aos
materiais típicos para a produção de móveis. Um atributo importante a ser considerado é o da leveza
como propriedade contextual do objeto. O objeto assume características cuja leveza possa ser
entendida como sua identidade considerando aspectos formais, visuais e estruturais, além do
aspecto material.
Considerando que o material investigado para a produção de mobiliário é leve, o papelão ondulado
traz per si relação direta com a leveza dos próprios objetos que gera. No entanto, conforme Beukers
e Hinte (2001) apud Maluf (2013), fazer as coisas leves não é só uma questão de escolher materiais
leves, pois além da escolha dos materiais, construções precisam ser eficientes para serem leves.
Outros aspectos contornam a leveza física do objeto de design, especialmente a relação entre
forma, material e processo, uma vez que todo o artefato é resultado de um processo que transforma
o material em forma. Objetos mais leves não são necessariamente, feitos dos materiais mais leves.
Contribuindo com isto Manzini (1993) investiga os princípios estruturais da leveza na escala do
objeto, da superfície do material e na sua escala molecular. Fazer objetos leves é uma questão de
pensar na estrutura, a relação material/forma. O emprego de vincos, como por exemplo, em uma
folha de papel que, ao ser vincada, transforma-se de um objeto flexível em uma estrutura dotada
de certa rigidez; o material não sofre qualquer alteração qualitativa ou quantitativa, mas a rigidez é
obtida pela alteração da forma.