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1. INTRODUÇÃO

No Brasil, nos anos 50 do século passado, foi desenvolvida uma máquina manual capaz de produzir

blocos de terra crua ou solo prensado. Nos anos 80, a Associação Brasileira de Cimento Portland

(ABCP) promoveu o uso dotijolo de solo estabilizado ou o tijolo de solo-cimento, hoje denominados

tijolos ecológicos. Apesar de terem sido desenvolvidas normas sobre tais blocos e tijolos como NBR

10833 (2012), NBR 10834 (2012), NBR 10836 (2013), NBR 8492 (2012); e a NBR 13553 (2012)

sobre os materiais para emprego em parede monolítica de solo-cimento sem função estrutural; os

mesmos não contemplam as possibilidades e requisitos de uso do material terra em paredes de

edificações.

Entre outros aspectos, também se constitui num gargalo para a difusão da terra (solo como material

de construção) o preconceito da própria academia que associa a terra à pobreza, e não a considera

um material capaz de gerar produtos que tenham a mesma competitividade quanto os materiais

industrializados consagrados (concreto e cerâmica). No entanto, nos dias de hoje, a busca por

soluções de maior sustentabilidade, requer, como estratégias aplicadas à construção civil, a

redução e otimização do consumo de materiais e energia através da utilização racional dos recursos

naturais, a geração de tecnologias apropriadas, a adoção de estratégias bioclimáticas, a utilização

de materiais de baixo consumo energético e ouso de fontes energéticas sustentáveis, e neste

âmbito a terra crua volta a interessar a um número crescente e já significativo de engenheiros,

arquitetos, construtores e investigadores para sua aplicação em série.

É sabido que os materiais de construção industrializados, como a cerâmica e o concreto apresentam

propriedades e características ratificadas pelo meio técnico-científico e que as mesmas aportam a

credibilidade e garantia aos seus usuários. No entanto, quando se trata de construções com terra,

apesar de ser um dos primeiros materiais de construção da humanidade, este material de

construçãoainda não conta com catálogos de quantificação e/ou qualificação das suas

propriedades, que estejam respaldadas em estudos tecnológicos. Isto cria barreiras para o seu

emprego mais amplo, e impossibilita a sua concorrência com os demais componentes construtivos.

Apesar daexistência do SINAT (Sistema Nacional de Avaliação Técnica) para avaliações de

produtos inovadores da construção civil, a terra como material construtivo de paredes de edificações

ainda necessita de estabelecimentos de diretrizes e critérios de avaliação e apresentação de

especificidades para ser produzida e aplicada em série, assim como para corroborar a sua

ecoeficência e maior sustentabilidade perante aos materiais convencionais, como tijolos e blocos

cerâmicos e de concreto.

Deste modo, poderá passar aser produzida e aplicada em mais ampla escala, assim

comocorroborar a sua ecoeficência e maior sustentabilidade perante aos materiais convencionais.

Também, a construção em terra crua deixará de ser uma simples técnica empírica e terá condições

de competir, como uma tecnologia inovadora, com viabilidade técnico-econômica comprovada

cientificamente, aumentando as suas chances de sucesso no mercado atual.

Observa-se em diversos estudos brasileiros e internacionais, como os dos autores Delgado,

Guerrero (2007); Olotuah (2002); Jayasinghe, Kamaladasa (2007); Barbosa, Ghavami (2007);

Bahar et al. (2004); a descrição do uso corrente da terra para a confecção de paredes para as

construções regionais, sendo verificado o grande potencial desse material que pode ser explorado

para a minimização do problema da habitação, em todo o mundo, sendo uma alternativa não

poluente e de baixo consumo energético. Ainda se destaque os depoimentos de proprietários de

moradias popularesque alegam os seguintes motivos para a utilização deste material: tradição

regional do uso da terra, como material de construção; facilidade de obtenção desta matéria-prima;

dificuldades para obtenção de materiais convencionais, como cimento e cerâmica; redução de custo