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variáveis climáticas, estruturas físicas e cultura cívica. Sua avaliação é uma ferramenta importante
para planejar novos espaços ou reestruturar aqueles já existentes.
A radiação solar, a temperatura do ar, a velocidade do vento e a umidade são variáveis próprias do
clima e devem ser parte do planejamento urbano. De acordo com Romero (2001) tais variáveis são
consideradas como os elementos ambientais maiores. Esses compõem o clima, seja regional ou
urbano, mas são influenciados pelos materiais que constituem a superfície urbana. Para Higueras
(2006), variáveis como o vento, sombreamento, insolação e distâncias mínimas da infraestrutura
urbana, também são de vital importância para atingir os objetivos da teoria bioclimática. Por sua
vez, o som é um parâmetro sempre presente, influenciado por tais variáveis climáticas e pela
topografia e vegetação do local. Por definição, ele é uma perturbação elástica do meio onde se
produz. O ruído é um conjunto de sons desagradáveis e indesejáveis, muitas vezes como resultado
de uma percepção subjetiva pelo indivíduo (ROMERO, 2001; JIMÉNEZ, MARTÍNEZ, 2005).
Os novos projetos arquitetônicos utilizam tais variáveis para melhorar características como
ventilação, acesso solar e luz natural, com o intuito de melhorar a percepção de conforto e qualidade
por parte dos moradores. No entanto, em alguns casos, tais características são focadas aos
espaços interiores, gerando múltiplas variações no exterior tais como a direção do vento, controle
de acesso à sombra e sol de inverno, e a sensação de temperatura devido aos materiais
(SCHILLER, 2000).
Segundo Rivero (1985), no Brasil existem exemplos de trabalhos realizados sobre a análise das
propriedades bioclimáticas. Apesar de estes trabalhos nem sempre terem a mesma metodologia de
trabalho, os parâmetros climáticos, ambientais e arquitetônicos são semelhantes. Por sua vez, para
proceder à análise bioclimática no espaço urbano, as investigações utilizam procedimentos
qualitativos e quantitativos dos parâmetros climáticos e suas combinações, sendo que muitos
consideram ainda a percepção dos usuários.
Observando tal relação entre microclimas e a morfologia do espaço público, Perico-Agudelo (2009)
sugere efetuar o planejamento urbano, procurando o bem-estar dos cidadãos. No Brasil, autores
como Costa (2003), Carvalho (2005), Pantaleão e Romero (2008) e Vasconcelos e Zamparoni
(2011) destacam a importância da análise bioclimática nos bairros, campus universitários,
calçadões e cidades em geral, respetivamente. Outros, como Araújo et al. (2006) concluem que se
deve melhorar a estrutura arquitetônica e aumentar a quantidade de zonas verdes, com a ideia
principal de fornecer espaços de qualidade, ao nível visual e bioclimático, de todos os moradores.
A importância destes estudos é a carência de pesquisas sobre o aspecto bioclimático em centros
urbanos, que resulta em percepção negativa do conforto em espaços públicos por parte dos
habitantes.
2. OBJETIVO
O presente trabalho tem por objetivo diagnosticar o microclima de uma área urbana na cidade de
Passo Fundo, localizada no sul do Brasil, a partir de três áreas com diferentes características
espaciais e ambientais na zona central, analisando diferentes variáveis bioclimáticas, a sua relação
com o espaço público e a incidência no conforto dos cidadãos.
3. MÉTODO DE PESQUISA
A abordagem do estudo foi principalmente quantitativa, onde se avaliaram variáveis climáticas em
diferentes áreas da cidade, com diferentes comportamentos e estruturas urbanas.