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Tais teorias podem ter sido inovadoras para a epoca, mas são cada vez mais pertinentes no mundo

atual.

Porém a existência de uma clara delimitação entre espaço privado (edificações) e espaço público

(vias, parques) não pode ser entedida como um fator único de vitalidade urbana. A vitalidade pode

vir do equilíbrio entre a quantidade de espaço destinado ao uso público e a quantidade destinada

ao privado. Mas também vêm da frequências das vias e sua relação com a dimensão de quarteirões.

Como vemos não é uma métrica simples.

Usualmente encontramos o debate entre as vantagens e desvantagens das cidades compactas

versos as cidades inspiradas na teoria das cidades jardins. Porém, na discussão da densidade ideal

para a sustentabilidade urbana, capaz de dar vida às cidades, dar retorno econômico às

infraestruturas e aos sistemas de mobilidade coletiva, mas garantindo a presença da “verdura”, de

espaços públicos e assim da qualidade de vida dos habitantes; muitos esquecem que a densidade

ideal é um indicador dependente: do período histórico da sociedade, da zona (se central ou

periférica) da cidade e da cultura local.

Acioly e Davidson (1998), trabalhando para o Habitat II no relatório “Building Issues”, demonstram

como a densidade, o tamanho médio dos lotes urbanos, largura de vias e outros elementos

dependem de critérios locais que resultam tanto da história de urbanidade local como do modo de

vida, variando muito de continente à continente.

“Na Europa e na América do Norte os núcleos das cidades têm 25% das terras destinadas às ruas,

enquanto áreas suburbanas têm menos de 15%. Na maioria dos núcleos das cidades do mundo em

desenvolvimento, menos de 15% da terra é destinada para ruas e a situação é ainda pior nos

subúrbios e nos assentamentos informais, onde menos de 10% das terras são destinados a ruas.

Este é um reflexo das enormes desigualdades em muitas cidades do mundo em desenvolvimento”

(UN HABITAT, 2015, p.3).

Jacobs defende ainda que o estímulo e a indução de um maior e mais variado espectro de

diversidade de usos e de pessoas serve como importante base para atividades econômicas e

sociais alimentando o magnetismo urbano pronunciado por Cullen (1983) também nesta mesma

década.

No contexto nacional, Del Rio (1990) contribui com o debate ao lembrar da importância do vínculo

temporal, que relaciona a discussão ao registro no tempo e a carga histórica de cada local e que é

muito importante para esta reflexão.

Percebe-se, assim, que a vitalidade está longe de ser um resultado direto da densidade urbana, da

presença de multiplas funções urbanas. Muitos outros fatores econômicos, sociais, culturais e

também ambientais devem ser considerados antes de qualquer intervenção no espaço urbano

consolidado, pois:

“Intervenções bem fundamentadas são capazes de influenciar positivamente a forma construída

sem comprometer a identidade urbana geral da área. A forma urbana preexistente, os padrões e

culturas de uso local do solo, servem de referência para novas extensões ou transformações

urbanas. A abordagem histórica da paisagem urbana pode servir como ferramenta inovadora em

prol de um planejamento baseado em valores" (UN HABITAT, 2015, p.6).