Table of Contents Table of Contents
Previous Page  644 / 2158 Next Page
Information
Show Menu
Previous Page 644 / 2158 Next Page
Page Background

644

esvaziamento urbano foi uma reação evidente. Porém, com o esvaziamento dos centros em direção

à periferia consequentemente um dos elementos que declinaram nos centros urbanos foram os

espaços públicos, os quais, perderam investimentos e sua atratividade. O movimento moderno,

prescrevia a criação de grandes espaços ajardinados sem negligenciar a importância da densidade:

“[...] é indispensável saber que essa mesma forma [casas individuais isoladas]

,

utilizada nas

cidades-jardins de grandes cidades, provocou, pela grande extensão das superfícies ocupadas, a

própria desnaturalização do fenômeno urbano [...]” (LE CORBUSIER, 1984, p. 68).

O autor defende com este argumento, a necessidade da verticalização para introduzir a densidade

na área urbana e preservar as áreas livres públicas nas áreas térreas. Porém, algo não pensado

por Le Corbusier e tantos outros urbanistas desta época, é que a escala dos espaços livres é

importante tanto quanto sua densidade.

Com o fracasso das utopias de planejamento urbano deste período, críticas foram levantadas sobre

a vitalidade das cidades, por diversos autores como Jane Jacobs, Jan Gehl e Kevin Lynch, que

ganharam destaque por suas estreitas observações do cotidiano das cidades, visando

compreender as paisagens e fatores essenciais para a vida urbana. Jacobs (2001) e Gehl (2011)

chamam atenção para que, praças e parques tenham densidades suficientemente capazes de

alimentá-los:

“Mais Áreas Livres para quê? Para facilitar assaltos? Para haver mais vazios entre os prédios? Ou

para as pessoas comuns usarem e usufruírem? [...]Os parques de bairro bem-sucedidos raramente

têm a concorrência de outras áreas livres. Isso é compreensível, pois as pessoas da cidade, com

seus interesses e deveres, dificilmente conseguem dar vida a uma quantidade ilimitada de parques

locais de uso genérico”

” (

JACOBS, 2001, s/p)

“Pessoas e atividades podem ser reunidas através da localização de edificações e usos do solo de

forma que o sistema de espaços públicos seja tão compacto quanto possível e de maneira que as

distâncias para o tráfego de pedestres e as experiências sensoriais sejam tão curtas quando

possível

” (

GEHL, 2011, p.85).

É possível perceber a sintonia entre os parques urbanos e a vitalidade urbana. Embora o conceito

de vitalidade seja complexo e multifacetado e envolva padrões sociais, espaciais e econômicos, ele

pode ser resumido na vida presente nas ruas, parques, passeios, espaços públicos abertos e que

proporcionam trocas comerciais. Esta vitalidade é visívelmente identificada em espaços densos e

frequentáveis, pela interação entre as pessoas, ou entre pessoas e a paisagem.

Além destes fatores, a impessoalidade moderna esvaziou as ruas, que viraram locais de passagem,

apenas como suporte ao deslocamento entre casa e trabalho, alargando e interiorizando a vida

privada. Os espaços públicos acabaram perdendo toda sua significação social.

As teorias lançadas por Jacobs na década de 60 (2001), são ainda aplicáveis quando se busca

resgatar pré-existências da cidade multifuncional, compacta e densa onde a rua, o bairro e a

comunidade são vitais na cultura urbana. Para a autora, “manter a segurança da cidade é tarefa

principal das ruas e das calçadas” (JACOBS, 2001,s/p); Assim como é clara a delimitação entre

público e privado, função da rua, além de proporcionar espaços de convidência e trocas comerciais.