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primas, produção de energia e materiais, manufatura, uso, tratamento de fim de vida até a

disposição final. A ACV surge como alternativa para análise ambiental de edificações, permitindo

identificar parte dos seus impactos (berço ao portão) ou todo seu ciclo de vida (berço ao túmulo).

De acordo com Ortiz, Castells e Sonnemann (2009) vários instrumentos de avaliação ambiental

têm empregado a ACV, estes por sua vez têm sido subdivididos em níveis (1,2 e 3): nível 3 -

avaliação da edificação através de certificações ambientais como

BREEAM

(Reino Unido),

LEED

(EUA),

SEDA

(Austrália); nível 2 – ferramentas de apoio à tomada de decisão na etapa de projeto

como

LISA

(Austrália), Ecoquantum (Holanda), Envest (Reino Unido), ATHENA (Canadá), BEE

(Finlândia); nível 1 – ferramentas para comparação de produtos tais como Gabi (Alemanha),

SimaPro (Holanda), TEAM (França), LCAiT (Suécia). Mais recentemente foi regulamentada no

Brasil, através da Portaria nº 100/2016 do Inmetro, a declaração ambiental de produto – DAP, da

sigla correspondente em inglês

EPD

Environmental Product Declaration

, baseada em estudos

de ACV, fornece uma descrição detalhada de características ambientais de produtos ao longo do

seu ciclo de vida resumindo seu perfil ambiental e fornecendo informações sobre seus aspectos

ambientais de forma padronizada e objetiva além de incentivar a demanda e oferta de produtos

que causem menor impacto ao ambiente (INMETRO, 2016).

No âmbito de edificações, Fava (2006) observa que a ACV já vêm sendo aplicada desde 1990.

Ortiz, Castells e Sonnemann (2009) realizaram revisão de literatura da aplicação da metodologia

da ACV na construção entre os anos de 2000 a 2007. Os autores citam 24 trabalhos realizados

neste período, que analisam desde os materiais de construção e a combinação de elementos até

a construção do edifício como um todo. Estes afirmam, que a aplicação da ACV é fundamental

para a sustentabilidade e melhoria na construção civil, como por exemplo, na avaliação dos

materiais de construção, aumentando a produtividade e a competitividade dos mercados de

construção sustentável. No contexto da América Latina, podem ser citados os trabalhos realizados

por Paulsen e Sposto (2013) que avaliaram a energia incorporada (relacionada aos materiais,

transporte e equipamentos utilizados para produzir a edificação) e operacional (relacionada ao

funcionamento) de uma edificação unifamiliar do programa habitacional brasileiro Minha Casa

Minha Vida - MCMV empregando a ACV. Os resultados obtidos neste estudo demonstraram a

elevada participação da etapa de produção da edificação (energia incorporada), responsável por

30% de toda a energia consumida ao longo do seu ciclo de vida. Já na etapa operacional, os

principais agentes identificados como responsáveis por estes impactos foram as manutenções ao

longo da etapa de uso e o sistema de vedação da edificação. Oyarzo e Peuportier (2014)

realizaram pesquisa em residências unifamiliares no Chile com objetivo de estudar como as

decisões tomadas durante as diferentes fases de um projeto influenciam o seu desempenho no

ambiente. Neste estudo, foi utilizada a base de dados Ecoinvent e realizadas adaptações de

alguns dados de inventário de processos ao contexto chileno, foram avaliados: potencial de

aquecimento global, além de indicadores que dizem respeito à poluição atmosférica, consumo de

recursos naturais, produção de resíduos, etc. Como resultado, a ACV revelou a importância da

etapa de uso, particularmente o consumo de energia, no equilíbrio ambiental total da habitação no

Chile. Este tipo de informação promove o desenvolvimento e o interesse da inovação técnica no

setor da construção, além de constituir auxílio no processo de tomada de decisão dos

profissionais, a fim de melhorar o desempenho ambiental dos projetos, especialmente na fase de

concepção (OYARZO E PEUPORTIER, 2014).

Muitos esforços têm sido feitos para reduzir as emissões operacionais dos edifícios, porém

conforme Ibn-Mohammed et al. (2013) muitas vezes pouca atenção é dada às emissões

incorporadas. Os autores realizaram revisão crítica da relação entre as emissões incorporadas e

operacionais ao longo do ciclo de vida dos edifícios para demonstrar a crescente proporção de