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aplicações descentralizadas e menores, ‘micro’, na propriedade privada” (FOSTER; LOWE;
WINKELMAN, 2011).
Na mesma linha de pensamento, Herzog (2013) afirma que as medidas estruturais de drenagem da
infraestrutura verde podem ser aplicadas em três escalas, a do lote, o bairro e da cidade. Nas duas
primeiras, também conhecidas como escala local, elenca as seguintes tipologias – multifuncionais
– para áreas urbanizadas:
alagados construídos
(
wetlands
);
bioengenharia
(técnicas de
contenção de muros, taludes e encostas com materiais alternativos e inertes – como bambu, pneu,
pedras e troncos – com vegetação);
biovaleta
(jardins lineares ao longo de vias);
jardins de chuva
(jardins que recebem água de superfícies impermeáveis);
canteiros pluviais
(jardins de chuva em
menores dimensões, para ruas, residências ou edifícios);
intersecções viárias
(ilhas de distribuição
de transito viário com áreas permeáveis ou vegetadas);
lagoas pluviais
(ou bacia de retenção ou
biorretenção);
lagoas secas
(ou bacias de detenção);
tetos e paredes verdes
(reduzem, retém e
filtram a água das chuvas);
pavimentos porosos
(drenantes);
woonerf
(rua interna onde circulam
apenas pedestres e ciclistas);
ruas verdes
(ruas arborizadas integradas a um plano que abrange a
bacia de drenagem);
vias de uso múltiplo
(ruas completas que possuem arborização e diversas
das tipologias citadas);
corredores verdes
(
greenways
, multifuncionais, projetados ao longo de rios
e à beira de corpos d’água) (HERZOG, 2013, p.157-170).
Cormier e Pellegrino (2008) propõem 5 conexões entre a infraestrutura verde e as pessoas, no
intuito de viabilizar trabalhos mais duradouros: a conexão pela educação; a expressão da identidade
regional (morfológica); conexão por meio da arte; o movimento moderno (corrente artística e a ideia
da forma seguindo a função); e propiciar o encontro (integração social e recreacional). Assim,
conforme Cormier e Pellegrino, é possível conseguir a eficiência e durabilidade, possibilitada pela
gestão integrada e a participação popular junto à administrativa, além da multidisciplinaridade de
profissionais envolvidos no desenvolvimento e execução, considerando a paisagem urbana, sua
morfologia, e identidade.
2. OBJETIVO
O objetivo deste trabalho consiste em estudar a aplicabilidade da infraestrutura verde na paisagem
urbana de Bauru, cidade do interior de São Paulo, através das escalas do lote, do bairro e da cidade.
3. MÉTODO DE PESQUISA
A elaboração do presente artigo foi realizada através de pesquisas bibliográficas, com a finalidade
de inseri-lo dentro de um referencial teórico por meio da contribuição dos trabalhos de diversos
autores sobre paisagem urbana e infraestrutura verde; como complementação, foram efetuados
diversos questionários e entrevistas, a fim de apurar a opinião da população bem como a
experiência de entidades públicas com a infraestrutura verde.
As entrevistas foram realizadas com profissionais do setor público ligados à área ambiental. Foram
levantadas informações a respeito de projetos executados ou em andamento na cidade de Bauru,
e das dificuldades enfrentadas para aplicação de propostas de infraestrutura verde.
O questionário elaborado pelas autoras, ilustrado e de múltipla escolha, foi aplicado a 83 pessoas,
sendo 41 respostas obtidas por meio de formulário online enquanto as demais foram preenchidas
por pedestres no Calçadão do centro da cidade e funcionários da Universidade Estadual Paulista
“Júlio de Mesquita Filho” – UNESP-Bauru. O alvo foram moradores de Bauru de diferentes bairros,
de forma que através de suas percepções, avaliássemos a qualidade da drenagem e dos espaços
livres em vários pontos da cidade (Figura 1).